Luís Severo
Canção dos Cravos
[Verso 1]
Sagrou-se o dia da revolução
Ouvi dizer que em penúria e astrevo o sangue
Que mesmo preto visto na televisão
De tão vermelho faria das tripas

O coração que quem tudo merecia
O coração de quem nada temia
O coração que quem tudo merecia
O coração de quem nada temia

Ouvi dizer que no dia do âmago da afoiteza
Vinho e pão adornariam o serão
Mas se no chão estivesse espezinhado
O sangue feito cravo, diamante
Para perpetuar a vida da nação
Para perpetuar a vida da canção

[Refrão 1]
Ouvi dizer não sei se era esta a solução
Ouvi dizer não sei se era esta a solução

[Verso 2]
Sagra-se o dia na televisão
Ouço dizer que é de todos dever
Amontoar o colectivo humano
Para de mão dada na mão alheia
Tomar por passado quem ainda semeia
Muitos cravos de bom viver
Tomar por passado quem ainda semeia
Muitos cravos de bom viver

São lírios e palavras que por um motivo qualquer
Todos devemos ao coração
E nesta data destapamos o pano
Do que nos esquecemos o resto do ano
Ou lembramos para chamar de mundano
Ou lembramos para chamar de mundano

[Refrão 2]
Ouvi dizer não sei se está aqui uma razão
Ouvi dizer não sei se está aqui uma razão

[Verso 3]
Sagra-se o dia na educação
Ouço dizer que andamos presos nas jaulas
De quem não percebe o que anda a aprender
Nem percebe sequer a fonte do saber
Apreender o que não dá para viver
Apreender o que teima aborrecer
Apreender o que não dá para viver
Apreender o que teima aborrecer

Muitos pedem ao tempo para retroceder
E enterrar o que o pano destapou
Mas quando chega este dia do ano
O extremismo faz as suas malas
Venha de lá esse dia sem aulas
Venha de lá outro dia sem aulas

[Refrão 3]
Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união

Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união
Ouvi dizer não sei se está aqui a união