Luís Severo
Joãozinho
Perdeu as asas nesse bando
E foi voar à solta
O cãozinho a meio da sesta acordou

Até lavar o nosso pranto
Cantou a boa nova
E agora vai vivendo sem pressa

Se falhar não é perder
É só um pretexto para recomeçar
E a regra vai quebrar até mudar a norma

Rio turvo a nascer
Não fujas desse teu particular
Que a resposta ‘tá lá ao fundo na foz

Uh se não há um tempo certo
Para crescer e ficar esperto
Cada qual o seu
Não faz mal cair ter medo
Vá não chores em segredo
Se não choro também eu
Deixa lá, João

Se a mudar voltou ao mesmo
E o dia soube a uma lembrança
A mudança a um regresso
E o regresso a uma mudança

Perdoa esse gente tão chata
E a vida boa sem ter anjo da guarda

Um dia vai bater
E sem ligar ao que eles vão achar
O mistério ali à espreita ainda sabe a pouco

Rio turvo a correr
E o que à nascente te quis separar
Foi só pra te entregar lá no fundo da foz

Quem te quis doirar a história
Em conquistas e vitória
Quanto te escondeu?
Pra te ver fuçar na escola
Ser macho e jogar à bola
Mas se isso aborreceu
Deixa lá, João
E vive sem pressa
Deixa lá, João
Que há coisas neste mundo que se encantam só para ti