Luís Severo
Minha Sorte
Quis esquecer a minha dor e não encarar a cor
Da verdade nua e crua
Quis fugir do teu amor e à procura de melhor
Fui parar à tua rua

E à tua porta coisas belas a espreitar pelas janelas
Que o calor lembrou à mágoa
Neste rio que ainda corre sobre a sede que não morre
Nem que beba toda a água

A minha sorte ilumina a madrugada
Se perco o norte em qualquer encruzilhada
Fica por perto e me faz sentir tão forte
Se deixar o peito aberto e cantar à minha sorte

Esta voz que por mim chama já não quer saber de fama
Nem engana o coração
Chora por mulher que ama e no lugar vazio da cama
Só deitou a solidão

E se não há o tempo certo para fechar o peito aberto
Assentar, esperar a morte
Dou-me a cada recomeço se o reverso do seu preço
For ditando a minha sorte numa força que me leva

A minha sorte ilumina a madrugada
Se perco o norte em qualquer encruzilhada
Fica por perto e me faz sentir tão forte
P'ra deixar o peito aberto e cantar à minha sorte

A minha sorte ilumina a madrugada
Se perco o norte em qualquer encruzilhada
Fica por perto e me faz sentir tão forte
Se deixar o peito aberto e cantar à minha sorte
De peito aberto vou cantar à minha sorte
De peito aberto vou cantar à minha sorte