[Verso 1: Deau]
Vi-te, cedi-te convite para o meu mundo
Segui-te, convicto, sem pôr em questão por um segundo
Sentimentos estão em jogo e arriscar faz parte do todo
Se o tempo voltar atrás eu volto a fazer de novo
Sem equívoco, acredito que é recíproco o que sinto
Que é unívoco o motivo pelo qual te invoco quando activo
A criação que em combustão me consome como chamas
Deram-te nome, mas para mim não é assim que te chamas
Chamo-te cara-metade, mas é cara a metade que se paga
Quando a obrigação nos abraça e a inocência nos larga
Dizem que amar cega, espero que mantenham a palavra
Eu tenho olhos com vertigens e ao teu lado o céu não acaba
Perante ti há quem se inclina, até mesmo quem se renda
A minha alma é tua inquilina, mês a mês eu pago a renda
Não são gónadas estimuladas por um toque em certas zonas
Nem sentimentos nómadas movidos por hormonas
Uns para galar-te usam calça larga e chapéu
Em palcos canto, corpo e alma à mostra
De cabeça oposta à de um réu
Não vou pagar caro à custa de tanto fala barato
Vizinho meu escreveu que não há estrelas no céu
À noite fecho-as no quarto
Iluminam-nos, quando estabelecemos contacto
Escrevendo o nosso destino em folhas de formato A4
Crio-te com requinte sem expor silhuetas
Foste ouvinte quando o mau tempo
Foi tempo em grãos de ampulhetas
No nosso primeiro encontro tinhas linhas caretas
O tempo passou como metamorfos
Deu-te forma de borboletas
Nunca te pedi nada, promete-me uma coisa única
Que p'ra mim és cara-metade, p'ra eles apenas música...