Vitor Brauer
Bahia Perdida
"Erê ara Eu sou filho de Iêmanjá
Ara rere Eu sou filho de oxalá"
6 é o número do Diabo
90 a década perdida
3 anos de distância
Ainda sinto o cheiro do suor de vocês
o brilho fosco nas minhas lembranças do fruto de ouro
que só tem cheiro de peixe no centro
que só tem calor na hora de partir
Ainda sinto a melancolia do sal e da sujeira
Os Quilômetros ásperos e salgados com os olhos ardendo
que só tem a saliva de meus amigos
que só tem falta e a calçada quebrada
Derreto e escorre em lágrima
Não dá pra tirar o choro do mar
nem se nota o grito debaixo d’água
Os olhos fechados evitam o reflexo
Os cortes abertos pelas ostras
A febre noturna de um dia de sol
O sono da tristeza
A chuva grossa para o alívio
de uma madrugada fresca
Na Bahia de minha memória
Iemanjá deixou voltar a dor
nas ondas do mar
Mas o amor profundo
Eu mesma escondo
No minha garganta seca
Mas o amor profundo
Eu mesma escondo
No meu caminhar lento
Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento
Bahia que hoje canta o meu lamento
Pensando só na saudade que eu sinto da minha cidade