É impressionante como já ninguém se lembra da Chapecoense
Pois é, mas eu me lembro
E como você espera que se lembrem de nós?
Da vida e dos versos que um dia eu cantei
Alguns podem até lembrar
Do copo de vidro de uma cor nauseante
Inundando com o fedor da corrupção humana
Pratos e vasilhas batendo nas paredes
Enquanto a voz do pai rugia pelos salões
Depois de uma série de maldições rogadas
Tudo que sobrou foram os choros das mães
Nossa família já foi uma vez doce e unida
Sadia e caridosa quando nos reuníamos
E agora toda noite é um sono inquieto
Toda manhã é difícil de acordar
E assim vão dia após dia
A angústia cava cada vez mais fundo
Eu fui quebrado em vários pedaços
Espelhando a cadência de um mundo familiar
Num estágio de deterioração incessante
Precipitando num rio de desespero
Pra flutuar no limbo do resto dos nossos dias
Num lugar que eu chamo de casa
Num espaço que eu chamo de terra