Vitor Brauer
O caminho para Immanuel
Agora resta pouco tempo pra chegada no planeta Immanuel. As estrelas são realmente bonitas. Realmente belas. Uma palavra que já faz parte da minha vida, eu acho. Como que isso foi acontecer comigo? Deve ter havido um tempo... Deve ter havido um tempo em que as pessoas olhavam pras estrelas e as achavam belas. Mas esse tempo não existe mais, se é que já existiu. De onde viemos afinal? O cara do software sente algo a mais que as outras pessoas. Cada um ainda é muito especificamente ele próprio, não é? Cada um é si mesmo. Não nos tornamos iguais por causa desse tempo. Por causa desse tempo. O tempo não existe mais. Eu voltarei e o cara do software ainda vai estar lá. E eu voltarei, com certeza. Eu posso nunca passar por lá. Mas eu continuarei aqui eternamente e ele também. Ele pode sair de lá um dia. Mas nunca sairemos desse universo. Como uma caixa é simplesmente uma caixa? Um homem é simplesmente um homem? Uma mulher é simplesmente e derradoramente uma mulher? Como uma caixa pode simplesmente desaparecer? Como aquela mulher simplesmente desapareceu? Talvez ela ainda está por aí. Mas por que eu sinto como se ela não estivesse? Talvez ela caiu no sono até se sentir fraca demais. Como se a minha nave desaparecesse por entrar num buraco negro ou algo do tipo. O que acontece com quem entra num buraco negro? Não sei. As estrelas irradiam luz. As pessoas não. As estrelas são belas. As pessoas também. Talvez... Qual a imagem que as estrelas tem da minha nave? A minha nave que eu pintei. Mas eu pintei ela mesmo? Faz tanto tempo