Sid
Autobiografia, Pt. 2
[Intro]
Isso aqui não é uma música, é só um desabafo
Eu não sei se cês vão me entender
Mas eu não preciso ser entendido
Só escutado

[Refrão]
Ô pai, me desculpa
Por não tá lá quando você precisou
Ô pai, me desculpa
Por não ser o filho que o senhor sonhou
Ô pai, me desculpa
Por não tá lá quando você precisou
Ô pai, me desculpa
Por não ser o filho que o senhor sonhou

[Verso]
Aham
E eu tive que escolher meu caminho, esse era o meu momento
Então deixa que depois eu me viro com o meu arrependimento
Eu nunca escutei os outros, sempre fui marrento
E apanhei tanto da vida que eu peguei o jeito
Seu erro foi tentar me por no teu cercado
Mesmo sabendo que eu odiava tá cercado
Desses familiares falsos pra caralho
Falaram que eu não ia ser nada e hoje vêm babar meu saco
Ó, desculpa, pai, nunca fui bom em fazer média
Minha maldição é ser sincero demais com esses comédia
Sei que te proporcionei uma vida de tragédia
Porque eu não nasci pra ter ninguém na rédea
Ó, eu sei que a gente se distanciou cedo demais
Eu quis ir pra rua cedo demais
Meu problema foi usar droga cedo demais
E ter ouvido meus amigos e não meus pais
Eu sei, eu sei
Talvez seja tarde demais pra gente se acertar
Tem 20 anos que eu sou um idiota
E o mais foda é ver que a sua ausência me mata
Só que a sua presença me sufoca
Será que eu nasci só pra me arrepender depois?
Ou será que me arrepender agora vale a pena
Desculpa, pai, meu raciocínio é raso demais
Eu não consigo ver solução, só problema
Eu sei que cê queria que eu também virasse médico
Pra ter um futuro brilhante, uma renda decente
Mas a gente não é assim tão diferente
Você cura corpos, eu curo mentes
A música liberta mais que prende, ó, me entende
Por isso que hoje eu canto pra tentar quebrar a corrente... dos outro
O RAP me ensinou que liberdade não é dinheiro
Dinheiro é só um papel que faz um ser humano matar o outro
O hip-hop me ensinou um bocado de coisa
Que a vida burguesa não ia ensinar
E hoje eu canto o que aprendi pros burgueses verem que a vida vai além do que eles podem comprar
Eu sei, a rua também me assusta às vezes
As leis são diferentes desses bairros burgueses
O respeito vale mil vezes mais
Do que o dinheiro no bolso que cê ganhou dos seus pais, sem mais
Eu me lembro de um ditado que você falava desde quando eu era moleque
Que eu ia ter tempo pra descansar quando morrer
Haha, só quando eu morrer
E hoje eu levo isso bem ao pé da letra
Por isso que quase nunca tô em casa pra te ver
Pra te ver
Eu sei que cê me ama
Mesmo não conseguindo expressar direito o que cê sente
E eu espero que cê saiba que eu te amo
Mesmo estando longe, dentro do teu peito eu tô presente
[Refrão]
Ô pai, me desculpa
Por não tá lá quando você precisou
Ô pai, me desculpa
Por não ser o filho que o senhor sonhou
Ô pai, me desculpa
Por não tá lá quando você precisou
Ô pai, me desculpa
Por não ser o filho que o senhor sonhou

[Saída]
Pois é, o tempo passa e a gente teve nossas diferenças, eu sei
Mas a gente é mais semelhante do que parece
E, com o tempo eu tive que aprender a perdoar também
Ô pai, me desculpa
Por não ser o filho que o senhor sonhou