Mariana Elisabetsky
De Volta à Mansão em Sunset
[MAX, falado]
— Onde você estava?

[JOE, falado]
— Eu saí. Tenho liberdade pra sair, não tenho?

[MAX, falado]
— A Madame está muito agitada. No início da noite, ela precisou de você e eu não te encontrei em lugar nenhum

[JOE, falado]
— Que dureza

[MAX, falado]
— Acho que não está compreendendo, Sr. Gillis. A Madame é extremamente frágil. Tem momentos de melancolia. Já tentou o suicídio

[JOE, falado]
— Por quê? Por causa da carreira? Mas ela fez tanto sucesso
Olha quantas cartas de fãs ela recebe todos os dias

[MAX, falado]
— Eu não olharia esses envelopes muito de perto se fosse você

[JOE, falado]
— Quer dizer que é você que escreve as cartas?

[MAX, falado]
— O senhor deseja algo para jantar?
[JOE, falado]
— Não. E Max

[MAX, falado]
— Sim, senhor?

[JOE, falado]
— Quem te deu o direito de trazer as minhas coisas do meu apartamento sem me consultar? Eu tenho a minha vida. Ou vai me dizer que eu sou um prisioneiro aqui?

[MAX, falado]
— Acho bom o senhor se decidir sobre acatar ou não as regras desta casa. Isto é, se quiser o trabalho

[JOE]
Eu tinha uma missão
Tentar salvar o roteiro
Um monte de ideias soltas
De uma mente louca
E ela como um falcão
Tomava conta da cria

[NORMA, falado]
— O que foi isso?

[JOE, falado]
— Eu acho que a gente pode cortar a cena do mercado de escravos
[NORMA, falado]
— Cortar cena minha?

[JOE, falado]
— Eles não vão querer você em todas as cenas

[NORMA, falado]
— Mas é claro que vão. Por que mais eles iriam ao cinema? Ponha de volta

[JOE]
Não tinha como escapar
Eu já sentia remorso
Reescrever aquilo
Levaria
Bem mais que um mês

E nunca vinha ninguém
Só eu, o Max e o órgão
A mansão era um silêncio mortal
E o passatempo à noite era sempre um só

Max, qual é o filme?
Não vá dizer que é um daquele melodramas

Hoje à noite temos
Um filme da madame
Vamos ver “Joana d’Arc”
[JOE]
Ah não
É sempre o mesmo

[MAX]
Mas é um filme sem igual
De uma estrela imortal