[Verso 1: Labanca]
Eu to correndo em círculos
Passando labirintos e cubículos
Sou contador de histórias
Vendedor de sonhos
Doador de memórias
E colecionador de vícios
Eu vim correndo contra o tempo em linhas tortas
Em busca de uma merda pra me conformar, me confortar
Depois da curva tu não vai me achar
É só fumaça que fica no ar
Problemas reais, de um mundo real
Bem vindo ao meu inferno astral
Problemas demais, a morte é leal
Ainda vivemos como nossos pais
A vida como uma estação
Aqui não serve de estadia, não
Comprando a prestação
Com gosto de ingratidão
Engolindo o pão nosso de cada dia
Quanto tempo de viagem?
Depende do tamanho da dosagem
O trem das onze ja ta longe
É a hora do bonde
E no guichê não fazem a troca da passagem (x2)
Mudam as estações e ficam os vagões (x3)
Levando histórias e dúvidas
[Verso 2: KANOVE]
(Qual o próximo trem que vai passar
Qual o próximo trem que vai passar
Quanto tempo dura o intervalo do destino)
E a amante me sugeriu pular do precipício
Eu disse pulo
A morte suja riu, no início
Eu só era mais um discípulo
E dentre o círculo, um circuito
Num vicioso ciclo, questionando o destino seu intuito
É difícil mergulhar no plano raso
Eu vim pra ser o pior dos vasos
Jamais quebrar, acelerar
Já que ando pontual com o atraso
E eu caso com a vida tendo a morte como amante
O mundo é nosso cerimonialista
E no "fale agora ou cale-se pra sempre"
Ouvimos gritos de amantes, tinha uma lista
Quem mandou foder com a morte
Entregar amor ao seu delírio
Quem mandou transar com a sorte
Deu sorte pro seu próprio martírio
O mundo é isso, um flerte com a vida
Ouse a conquista
A fuga ao compromisso
Não inverte a direção da pista
A vida só pede
Fidelidade aos princípios, sem trair
O que liberdade concede
Pode trazer espaço mas a morte atrair
Mas já não temo a morte
Eu temo o tempo
Tememos a quanto tempo?
E já não temos mais tempo, mas tento
Voar com a liberdade e entender a ciência do vento
Minha plenitude tem mais a ver com experiência do que tempo