808 Luke
Olhos de Hades
[Verso]
Eu retrocedi pra fase do leão com a intenção de aprender, mas
As notas são antros de arte eu fiz minha parte e quis entender mais Os olhos de Hades brilham como Horus e a dor do mundo é de quem faz
As notas da Terra excluem, expurgam e aqui jaz
E essas linhas tão me dando asia pra te mostrar um mundo
Vivo de fantasia, vesti minha fantasia
Eu já falei que o mundo me polia
E que essa mudança de ideia não é hipostasia
Apostaria, não desconte a raiva nas Stellas
Por que na terra a culpa não é das estrelas
A profecia de Shawlin já é besteira
Por que da terra já não é possível vê-las
Liricamente traz Machado de Assis
Daqui pra frente se pedir um som macabro, já fiz
Peguei no "achados e perdidos" os meus olhos de Hades
Uma canoa dos mares que foi pintado em verniz
Mas minha canoa aqui também não voa
Nem ao menos flutua, eu me escondi na proa
Tipo Miguel o mundo me magoa
Não entendi a tua, por que isso tudo ecoa?
Eu projetei a "Matéria" que escondi em mim
E mesmo assim isso nunca pulsou na minha artéria
Eu já nem tenho a mesma verve o sangue não ferve
Na praia a areia virou neve quando fui pras férias
"Caçando pipas" como parte da desconstrução
Amir em alma mas bem longe do Afeganistão
Para, calma, porra, o peso da gangorra
Rumo a Canaã to tipo um monge vivo, Abraão
Daqui pro nada é um passo dado
Numa passarela que não passa nada
O respeito é o real tempero da salada
Não provar virilidade ou morrer na balada
Por bala ou bala, o RAP apara
Acaba com a dor como se fosse harmala
Tira os mano da senzala de um mundo rico de opala
Guiando mentes como Dean é guiado pelo Impala, fala

Se a vida aqui é caixa de pandora e as almas não voam
Eu sei que meus bruxos não se tornarão MC's apenas por que leram As armas não tornam seu ódio autêntico e eu só peço que elas cessem
Fugir de si mesmo cansa...
A jaula é problema e a rota é sem fuga
Faço por tudo que eu juro, do lado de dentro do muro
Eu moro num estado de espírito esplêndido
Pêndulo já foi meu lado seguro
Choro por cada volta desse mundo
Sem mudos e medos, pecado é o roubo
Meu rastro, o desejo do adendo aplicado entre o cérebro, a carne e couro
Preso ao que eu sinto, no espírito aceso não minto
O acaso em um litro de tinto
Afoguei meus demônios pra fugir do labirinto
O braço, o maço, o instinto
Eu foco o seguro, desloco o futuro
Meu bloco eu juro que troco
E o troco de tudo é bruto e eu broto do fundo do poço e retomo essa porra sem luto

Eu faço pelos meus o que eu nunca fiz por mim, irmão
Não sou Malafaia com a benção de Apolo, pecando e dizendo amém Pelas evoluções do mundo me esquivei do sim, são
Constroem Vulcanos e acabam ficando sem
E eu troco as peças do tabuleiro por pressa
O meu apego despreza e todo esse caos me estressa
Eu fui ligeiro e me tornei o cavaleiro das trevas
Chutei a bola na trave e destravei essas peças
Me apeguei a esses grooves por um acaso bem grave
Gravei o nome dessa escola no meu peito
Eu respeitei o primeiro choque de realidade
E aceitei ir no caminho mais estreito, feito!