GÁBE (Ello. Coletivo)
Ímpio
[Verso 1]
Mundano aos novos preços, quanto valem os novos terços?
Quanto vale um terço dessa fé que não vem mais do berço?
Um rap sem hino, um rap sem sina, um rap sem sono
Um rap sem rima... então tira do mono, porra
Quantos deuses nós temos? Quantos?
Quantas vezes nós cremos? Quantas?
Quantos seres seremos?
Vivemos imunes aos vícios que
Nos mostram ofícios ao tempo que esbarra, ao tempo que jura
E o vento não anula as folhas só espalha
E o medo que cura
Me da mais dois goles dessa merda parça
Pra ver se essa merda passa
Pra ver se isso herda a crença
Pra ver se não altera a raça
E mesmo que me convença
Que toda essa fé que foi depositada não valia nada
Eu peço mais uma benção, vai
Nossos filhos, nossos sonhos, todos hinos de valor pra nós
Altruísmo feroz
Um beijo na testa da coroa
Um beijo na boca da primeira puta vista aqui
Pode mandar subir
Me da mais um trago de fé, me sinto abençoado
Uma oração pra droga mais pura da região
Uma legião, religião
Levanta e aplaude o teatro
[Refrão]
Então se joga, quantas estrofes vamos precisar
Se nessas curvas vimos manos respirar
Por que aqui nessa estrada esse plano vê pisar
Ninguém se importa se esse dano retirar
Então se joga, conta com quantos anos vai virar
Todo chumbo boliviano trai de lá
Enquanto mais um demônio ariano cai dirá
Lisergia de um som profano
[Verso 2]
Se essas barras não serviram trouxeram valor pra mim
Me renovei em cada traço
Estilhaços cabíveis, culpa de quem se calou por mim
Ofícios de um peito de aço
E eu ataco mas não acato
Essa porra mexe com o tato
Guarda mais um retrato dele na gaveta
E se o caso for cobrado com o brado, causa de fato
Não é fraco mas se moi em caco por boceta
Pobre pra filho e não falha
Cada canalha não folha pente rente de ouro e cobre no cilho
Mas se borra pelas recordações de quando via amor no mundo
Vagabundo por empecilho
O pulso já não pulsa mais entre eles
Me via no meio deles, hoje me vejo avulso
Cadê o espelho nas paredes que eu criei em mim?
Nem vi se foi necessidade ou impulso
Cada passo apertado, trago mais um trago
Fumo mais um maço, me desfaço
Um pedaço a menos e nem é físico
Vivo no mundo que te da a mão e come um braço
Valia nada a estrada que me mostraram
Calado aos que caíram, sentiram mais não gostaram
Senti o fardo do terço que foi me dado
E a cada salmo que eu inalo fico mais abençoado
[Refrão]
Então se joga, quantas estrofes vamos precisar
Se nessas curvas vimos manos respirar
Por que aqui nessa estrada esse plano vê pisar
Ninguém se importa se esse dano retirar
Então se joga, conta com quantos anos vai virar
Todo chumbo boliviano trai de lá
Enquanto mais um demônio ariano cai dirá
Lisergia de um som profano