(Lessa Gustavo)
As vezes precisamos mastigar algo
Estimular o estômago
Estalar os dedos para melhorar
Digo, prolongar o choque
Depois do fim dos tempos estaremos entediados como sempre estivemos
Poder viver mais lento é um desejo que temos
Mas nunca suplicamos
Nunca

(Beli Remour)
Eu me deito nesse vale
Enxurrada tropical
Minha língua na tua pele
Inundando o lençol
Rosto lindo, um privilegio
A lua muda a maré
Eu prometo novos ares
Longe desse lamaçal de dor e tristeza
Represando o curso d'água

(Makalister)
Se eu for falar de angústias vou ficar mudo, calado
Depois que rompeu a barragem e fui devastado, soterrado
Só restaram escombros, pedaços
Moscas no prato de sopa que transbordara barro
Moscas
Na mesa de madeira sob o candelabro
Fotos impressas
Quadros de Flávia
Arquiteta das pedras na praia
Onde desejo estar quando o mar tomar de volta os galpões, depósitos
Outono
Folhas vermelhas morrem de novo
Tudo passa
(Beli Remour)
Rosto lindo, um privilegio
A lua muda a maré
Eu prometo novos ares
Longe desse lamaçal de dor e tristeza
Represando o curso d'água