Rumo
Faixa 11 + Tudo Menos Isso (Introdução)
[Letra de "Faixa 11 + Tudo Menos Isso"]
[Verso 1]
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Sou o resquício
O fim do ciclo que te remete ao início
O saciar da vontade e a gênese do vício
Levo a caneta ao papel ou seringa à pele
O ato é o mesmo
À beira do precipício o vazio é mel
E o chamamento é a prova dos nove entre o real e o abismo
O grito lá de baixo sai límpido
Cristalino faz sentido como não tinhas visto
Sou atraído pela razão do caos
E o suave funcionar do cataclismo
Nem o relógio cumpriria a sua função tão corretamente
Quanto ao correr do tempo
Apreciar os segundos tão pausadamente
Sabendo que estes são tão certos como o vento vai e vem
Qual o sentido que a tua moca tem?
Ser a pena que relata o sentido do além
Ou doar a divindade e criar o mundo refém?
A fibra da existência nada é para quem a molda bem
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Deixa virar mudo quem fala sem ter certezas
A pedra é da caneta, completa quem contempla
Azar e destreza trazem-me sorte na mesma
Mais uma pergunta de merda mas vou fazê-la
Vais fugir à norma ou tentar concebe-la?
Saltar à corda ou tentar outra proeza?
Dar ênfase à discórdia e mais forma à cadência
Claro que é da pedra, pode é não ser da mesma
Se bate até que fura, afunda de certeza
Se a sarda não dura para quê descreve-la?
Criticas quem desfruta, tu querias era tê-la
Com uma mão na nuca e zero na consciência
Cola em quem flutua, estuda esta ciência
Se falhar peço desculpa, não penitência
E vou esculpir a pedra e fazer dela letra
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Foi sem medos a escrever que eu apanhei esta pedra
À vontade contigo mesmo, facilita quem tu eras
Caos em guerra das noitadas amarelas
Há muitas noites que viram pedras ou novelas
Fazer som é isto, e muito mais não digo
Preencher folhas contigo torna-se mais divertido
Mas antes de o ter dito
Questionei alguns amigos para que fique bem definido
Que no fundo somos isto
É a sujidade de cada um com a pureza de todos
Não me sentia tão vazio desde o nosso último encontro
É amar bem é amar morto
É um sabor amargo que se esconde por detrás do esgoto
Há quem faça por gosto e não gosta de te ouvir
As diferenças que te marcam mexem-te com os ouvidos
Mas foi pela pedra que consegui sentir
Foram alturas menos boas mas que fizeram sentido
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Tive de construi-la mas antes decifrá-la
Para conseguir senti-la depois de apanhá-la
E lá me questiono do porquê
Até que ponto a minha credibilidade juntamente com a do outro
Por onde se encontrava, se o tempo se alcançava
Se o espaço mais próximo sabe-se lá onde estava
Quando a minha resposta se torna na pergunta
E estou num Ping Pong até ficar em dúvida
Se for só da pedra o som fica chato
Se não for o que digo mas sim aquilo que faço
Tornam-se nas soluções para caminhar passo a passo
Mas por cada curva continuo no mesmo lado
Exijo uma explicação
E só te estendo a mão se for uma pedra com razão
E se existisse ou não, tiravas-lhe a conclusão?
E partias do início
O que está na aviação? O que está depois do cubico?
Uma viagem bem manhosa e sem o cinto
Daí o psicadelismo e sem haver um sítio fixo
Com o proveito duns guitos se andar por aí
Sem sentido mas bem sentido para quem joga assim
Pode ser da minha cabeça mas é sinistro
Ou a moca acaba ou lá me despisto
[Verso 2]
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Cheio de frio a ouvir a estrela
Porque quando quis dar a ela vim parar à Terra
Passam-me a fé toda num acidente do qual eu fui cobaia
Enlouqueço mas ninguém me deu opiniões contrárias
É difícil agarrar numa conversa com qualquer entidade
Porque ninguém tem tempo para ouvir o que quero mostrar
Algo dentro de mim diz: “relaxa já, antes de pensares noutra pensa nesta faixa”
Ah, ok, era isso
O que é que eu posso dizer que não possa ser ridículo?
Averigúem ou esqueçam esta minha aventura
Estou só a pedir ajuda e acabo por sentir culpa
É verdade ou não?
Rimes o que rimares eu só pus
Um mega parênteses no teu discurso
Porque quando não falas da pergunta o que dizes não interessa
E se achas que estou errado estou cá ainda à tua espera
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
O reencontro é óbvio com os melhores exemplares
Até ao ponto de ignição a criar ambientes invulgares
Sem avantajares como em jantares populares
E os problemas de viajar são os de ficares sem voltares
Habituado a escrever letras, puxar das gavetas
Mesmo sem mocas e piruetas, sóbrio das cornetas
Sim. Eu já tentei e deu resultado na escrita
Grita o meu nome numa sanita e no final vomita
Ontem e hoje é 0 de álcool nas artérias
Com miséria de fumos escondidos por debaixo de terras
Mistura desses dois deixam-me na idade da pedra
Consumo o fumo de erva boa, comum a quem se integra
Dá-me mil razões para fazer sons sem dizer o contrário
Se o beat é bom, conhecemos o dono e qual o seu Armário
Moca passada vai que estagna no agora exacto
Encostados dentro de um cubo sem barulho e aparato
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
Tudo ao mesmo tempo
Quero agarrar-lhe, não consigo
O mundo escapa-me entre os dedos
Capa de segredos partilhados
Até à última gota na garrafa deste frasco
Eu tenho medo é de encontrar-me no fundo deste poço
Nunca alcançar-me no espelho dos teus olhos
Somos uns dos outros, tu estás a falar a sério?
Somos uns os outros não respondas sem critério
A vida é uma pergunta, a dúvida é legítima
Resposta é traiçoeira, andas cá há quantas sinas?
Não respondas, incessantemente repete
Se eu pudesse esticava o “S” até que de uma linha se tratasse
A morte não é um uniforme
A dúvida é como um perfume
Recolhe
Espalhou-se
Estava com ganda pedra quando saiu esta letra
Era só da pedra?
Acho que sim mano
Então ela existia se não tivesse beat nem caneta?
Cabrão
Pois sou, mas existia ou não?
No fundo o que é que importa se for teu?
Opino mas não me oponho se o viveres
Se o beat se comporta já viveu
Morreu perdido em folhas com dizeres
Vidrado em vidas vividas por elas só
Escrever em tinta permanente em jogo de dominó
Erros acabam rasurados sem nunca desaparecer
Comparo marcas do papel ao atalho do ser
Facilidade de um precipício, dogma que apela ao vício
Sacrifica o cruzadeco sem salas de hospício
No início parece verdade universal
O fundo da garrafa esconde todo o mal
Libertação, alívio, mutilação, satírico
Tudo depende da razão ligado a algo empírico
No fundo a grande guerra tem poder da sensação
Era só da pedra mas existia ou não?
[Verso 3]
Sonhos que deixei de curtir
Partilhei, disseram-me para ir dormir
Não consigo aqui, o meu pai leva-me
Afinal a ganza não batia, era a conversa na boleia
Amor entre contrários parecia que fazia mal à cabeça
Mas se agora escrevo isto voltámos a tê-las
Nada me tira o sono ou tudo tira o despertar?
São oito de lado
É verdade que estou com a pedra mas porquê tanta agressividade?
Porque ela nem se mexe…
Ficar calmo assusta-me muito mais do que toda a gente maluca
Sentir felicidade e repulsa por ela por ser uma
Prefiro ir com o rebanho
Que se foda o nome que dou para a família que tenho
Caso vá para o campo é porque lá não me sinto tão distante
Viagem é chata mas rápida
Vai pela raiz do ser humano adiante
Como todas irregular, não podemos fazer planos
Somos putos a ver o todo agradável
É com o útil que nós o sujamos
Pedimos para tirarem a nódoa
Mãe e pai ocupam-se, a merda é nossa
Ando a juntar uns trocos para ver se chega o dia em que nunca mais lá toco
Talvez seja impossível, parece mas eu consigo
O que é que queres que eu aposte?
Dou-te tudo menos isso
Largo tudo menos isso
Diz tudo menos isso
Leva tudo menos isso
Penso em tudo menos isso
Brinco com tudo menos isso
Vou desarrumar o mundo e não querer saber onde o pus
Tudo menos isso, pede ajuda e eu procuro