Emicida
Paisagem (Ao Vivo)
[Verso 1]
Cheira à pólvora, frio de mármore
Vê que agora há quantas árvores
Condecora nossos raptores
Nos arredores tudo já pertence aos roedores
É hora que o vermelho colore o folclore
É louco como adianta pouco, mas ore
Com sorte, talvez piore, não se iluda, pois nada muda
Então só contemple as flores
E acende a brasa, esfregue as mãos
Desabotoa um botão da camisa
Sinta-se em casa, imagine o verão
Ignore a radiação da brisa
Sintoniza o estéreo com seu velho jazz
Pr'um pеsadelo estéril até durou demais
Rеconheça sério que o mal foi sagaz
Como um bom cemitério tudo está em paz

[Refrão]
Em paz
Em paz
Em paz
Em paz
Tudo está em paz
Em paz
Em paz
Em paz
Tudo está em paz
[Verso 2]
Com o peso dos dias nas costas brindamos com fel
Num silêncio que permite ouvir as nuvem raspar o céu
Sem faróis nos faróis, descendentes de faraós ao léu
E a cena triste insiste em te dar um papel
Em algum lugar entre a rua e a minha alma
Estampido e a libido trepa entre gritos de calma
Bem louco de like e brisa que a rede social
Dá o que nós quer enquanto rouba o que nós precisa
Porque nada é sólido, nada, beijos cálidos, fadas
Tudo insólito, cara, sente o hálito, afaga
Rosto pálido, é foda, eu quero um bálsamo para
Esse tempo sádico, cara, puta sonho inválido, acorda
Ansiedade corrói como ferrugem, o passeio da vertigem
Ver que os monstros que surgem têm origem na fuligem do vale
Quem diria? A pobreza de espírito aqui fez a de grana se tornar um detalhe
Dizem os jornais, "Calma, rapaz, espere e verás, tudo está em paz"

[Refrão]
Em paz
Em paz
Em paz
Em paz
Tudo está em paz
Em paz
Em paz
Em paz
Tudo está em paz