Lourena
1910
[Intro: Thai Flow]
Toda luta que preze a igualdade tende ao fracasso
Não somos iguais, somos únicos
Seres em evolução, entendam
Estamos aqui pela equidade
Justiça, queremos justiça, nada mais

[Verso 1: Thai Flow & Alicia Keys]
Eu já me vendi nas esquinas, eu já me arranhei nas esgrimas
'Cês mataram a menina, agora vão ter que me ouvir
Como Dandara que lutou junto de Zumbi
E nem ouvi fazer homenagem, 'cês têm tesão em ménage
Uns fode em coletivo pra dizer que o som é agressivo
Nem me fez gozar e quis ouvir o meu gemido
Menos vaidade
Atacar umas às outras não passa de auto-sabotagem
'Cês gostam de viagem
Então passem a levar a própria bagagem
Sem sucessagem, ninguém mais me segura
Cheguei, aumenta o som que o tom te explica
Do porquê que eu demorei
Ô, Eparrei
Taca fogo, taca fogo (Taca fogo)
Fênix não morre, seu bobo
(Não, não)
Não, oh, não
Fênix não morre, seu bobo
(This girl is on fire)

[Verso 2: NaBrisa]
Ah, this girl is on fire
Sei que 'cês quer tacar fire
Só que eu sou ariana
Tô acostumada com fogo
Queimar e sobreviver num inferno astral
Trago no peito Sabota, machista embaixo da bota
No peito trago a mensagem
Amor pelo outro tá na humildade
Eu sei que a verdade ainda vai me matar
Muitas foram chamada, só que eu fui escolhida
Pra amar um povo vazio que odeia o amor
Então vai, me chame de piranha por ter livre arbítrio
Sei que me querem calada
Meus erros me jogaram no fundo do poço
Mas como Levi levitei e quando levantei foi pra ser bem mais foda
Dinheiro nenhum pagará, minha eternidade, minha liberdade
Na roda eu vi uma garotinha de oito anos em mim se espelhar
Eu vim lá de Campo Grande, por isso minha alma é grande
Isso já é o bastante pra ela nunca se esquecer, de eu me eternizar
Sou mais uma mina no meio da chama, no meio da lama
Diamante caro, se Deus tá por mim, então quem nos impedirá?
Não pode contra mim, junta-se a nós e verá
Que a desculpa da puta foi não se purificar
E eu sei que é injusta a disputa
Mulheres não nasceram pra disputar
Disputar só afunda nós mesmas, nós mesmas
Então, mulheres nasceram pra se empoderar
Ô, seu filha da puta, quer empoderar
Impedir a ira de quem nunca pediu a sua opinião e nunca pedirá
Nunca pedirá, não, não
Aê, menor, eu tenho certeza que a tua opinião nór nunca pedirá, uh
Eles queimaram minhas asas, 'rancaram minha inocência
Só que a minha essência me fez ser essencial
Pra ser suficiente e tocar tanta gente, ei
E ver que essa porra toda é superficial
Eles queimaram minhas asas, 'rancaram minha inocência
Só que a minha essência me fez ser essencial
Pra ser suficiente e tocar tanta gente
E ver que essa porra toda é superficial

[Ponte: NaBrisa]
Da-ran, da-ran-dan-dan
Da-ran, da-ran-dan-dan
A-ran, a-ran, yeah, yeah
Da-ran, da-ran-dan-dan
Da-ran, da-ran-dan-dan
A-ran, a-ran, dan, yeah

[Verso 3: Lourena]
Eu vi a luz em meio à escuridão
Onde não havia amor, enxerguei a solução
Eu vi a luz em meio à escuridão
Onde não havia amor, enxerguei a solução
Ei, como se fosse em 1910
Quebro a corrente dos pés e continuo a voar
E quem diria que em um momento eu seria
Inspiração pra quem queria um dia voltar a sonhar?
Do décimo andar eu vi
Tudo cair, tudo cair
Mas eu tô com a sensação de que eu posso tocar o céu
E tô tirando tudo que colocam véu
É que eu tô fora da tua conduta que cisma em ofuscar e não me valoriza
Mudei a mesa do banquete, hoje a caça é a tua injustiça
Meu corpo, minhas regras não é brincadeira, não é brincadeira
Meu corpo, minhas regras não é brincadeira, não é brincadeira
Elevando o jogo, buscando igualdade dos covardes
Que infelizmente não aguentam a pressão
Cedendo o embate que nos puseram
Tirando meu foco do que é a verdadeira inquisição
Eles não vão me parar, não, não
Parar? Não vão
Parar, para!
Eles não vão me parar
Não vão parar, não vão parar
O que eles querem é um "work, work" com quê de machismo
E as entrelinhas eu já costurei
É porque 'cês adora um filho, e usa o meu trabalho
É mais fácil dizer que não fez
Não adianta tacar fogo porque eu já taquei
Não adianta tacar fogo porque eu já taquei
Eles não vão me parar, não, não
Parar? Não vão parar, para!

[Verso 4: Azzy]
Pode tacar fogo, eu resisto
Eu insisto, eu sou chama
Pode tacar fogo, acredita em mim
Voltamos de novo com sorriso no rosto
Com sangue nos olhos, linhas no meu bolso
Anos-luz à frente, pronta pra dar o troco
Ressurgi das cinzas, reconheci meu corpo
Entre minhas pernas é o fundo de um baú
Reproduzo em ouro, reproduzo em ouro
Ela tem olhos claros, minha lua de azul
Reproduzo em ouro, reproduzo em ouro
Ô mulher, deixa eu te perguntar:
'Cê sabe do poder que tem? Do poder que tem?
Ô mulher, deixa eu te perguntar:
'Cê sabe do poder que tem? Do poder que tem?
Ó Deus, a lua me guia, me ensina a amar
Não me deixe errar
E me dê forças pra eu nunca fraquejar

[Verso 5: Gabz]
Eu sou filha desse chão
Depois não vem dizer que eu não avisei
E não é questão de opinião
É sobre o que eu sou, é sobre o que eu sei
Alô, alô, marciano, aqui quem fala é da Terra
Peguem suas armas, estamos em guerra
Disputando a memória de uma nova era
Que se exploda o que era, me chame de Quimera
E eu nem sei por onde começar
Tia Ciata veio e me deu um patuá
Eu sou a Lilith montada em um leão de Judá
Eu só tô querendo ajudar, escrevo pra 'cê enxergar
A vaidade esquecida das feras feridas, das doidas doídas, das loucas vividas
Não passo batida, eu roubo a cena, sua mente e o sistema
Eu não faço rap, eu construo teoremas
Sem problemas, vermes e leões no mesmo ecossistema
Aqui a tigresa pode mais do que o leão
Eu boto pra fuder e isso nem é love song
Vivem mentiras como num pornô
Choram como Pierrot
Não sabem o que é sexo nem o que é amor
Eu vejo tragédias em déjà vi
Eu sou o resultado das coisas que eu vivi
Eu to expondo minhas feridas como Frida, eu sofri
Minhas heroínas morrem de amar, mas eu sobrevivi
É de doer ver eles ficar igual a quem fez a própria mãe sofrer
A vida é um ciclo vicioso tão clichê
E a esperança é uma mulher preta, cantando os raps mais pesados do planeta
E a esperança é uma mulher preta, cantando os raps mais pesados do planeta
Depois não vem dizer que eu não avisei
Depois não vem dizer que eu não avisei