[Intro]
"Agora, entre meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu"
[Verso 1]
Aonde a pele preta possa incomodar
Um litro de Pinho Sol pra um preto rodar
Pegar tuberculose na cadeia faz chorar
Aqui a lei dá exemplo: mais um preto pra matar
Colei num mercadinho dum bairro que se diz "pá"
Só foi meu pai encostar pros radin', tudin' inflamar
Meu coroa é folgado das Barra do Ceará
Tem um lirismo bom lá, louco pra trabalhar
Num toque de tela, um mundo à sua mão
E no porão da alma, uma escada pra solidão
Via satélite, via satélite
15% é Google, o resto é Deep Web
A guerra do tráfico, perdendo vários ente
Plano de saúde de pobre, fi, é não ficar doente
Está por vir, um louco está por vir
Shinigami, deus da morte, um louco está por vir
Véio, preto, cabelo crespo
Made in Favela é aforismo pra respeito
Mondubim, Messejana, Grajaú, aqui é sem fama
Nos ensinamentos de Oxalá, isso é bacana
Na porta do cursinho, sim, docim de campana
LSD, me envolver, tem a manha
Diz que é contra o tráfico e adora todas as crianças
Só te vejo na biqueira, o ativista da semana
[Refrão: Criolo]
La La Land é o caralho
SP é Glorialândia
Novo herói da Disney
Craquinho, da Cracolândia
Máfia é máfia e o argumento é mandar grana
Em pleno carnaval, fazer nevar em Copacabana
Um por rancor, dois por dinheiro
Três por dinheiro, quatro por dinheiro
Cinco por ódio, seis por desespero
Sete pra quebrar a tua cabeça num bueiro
Enquanto isso a elite aplaude seus heróis
Pacote de Seven Boys
[Verso 2]
Nem Pablo Escobar, nem Pablo Neruda
Já faz tempo que São Paulo borda a morte na minha nuca
A pauta dessa mesa, "Coroné", manda anotar
Esse ano tem massacre pior que de Carajá
Ponto 40 rasga aço de arrombar
Só não mata mais que a frieza do teu olhar
Feito rosa de sal topázio
És minha flecha de cravo
Um coração que cai rasgado nas duna do Ceará
Albert Camus, Dalai Lama
A nós ração humana, Spock, pinça vulcana
Clarice já disse, o verbo é falha e a discrepância
É que o diamante de Miami vem com sangue de Ruanda
Poder economicon, cocaine no helicopteron
Salário de um professor: microscopcon
Papiro de papel próprio
Letra com sangue do olho de Hórus
É que a industria da desgraça pro governo é um bom negócio
Vende mais remédio, vende mais consórcio
Vende até a mãe, dependendo do negócio
Montesquieu padece, lotearam a sua fé
Rap não é um prato aonde cê estica o que cê qué
É a caspa do capeta, é o medo que alimenta a besta
Se três poder vira balcão, governo vira biqueira
Olhe, essa é a máquina de matar pobre!
No Brasil, quem tem opinião, morre!
[Refrão: Criolo]
La La Land é o caralho
SP é Glorialândia
Novo herói da Disney
Craquinho, da Cracolândia
Máfia é máfia e o argumento é mandar grana
Em pleno carnaval, fazer nevar em Copacabana
Um por rancor, dois por dinheiro, três por dinheiro, quatro por dinheiro, cinco por ódio, seis por desespero, sete pra quebrar a tua cabeça num bueiro
Enquanto isso a elite aplaude seus heróis
Pacote de Seven Boys