Marcão Baixada
Contra Fluxo
[Verso 1: Marcão Baixada]
E isso é papo de vitória, que se fosse pra perder eu nem falava
Minha glória é ver os pretos no poder, eu já imaginava
Minha história? Desde moleque eu já gingava
Tá na memória, eu tenho um leque de rima brava
Rá! Playboy não teve a criação que eu tive
Meu povo ergueu esse país, então não me prive
Meu flow é Black Panther, Huey Newton vive
Agora eu quero tudo o que é meu, Django Livre
Antes senzala, hoje favela, não dá pala na viela
Sem bala, te derrubo com meu jogo de benguela
Quero traje de gala, de onde eu vim, seria rei
Agora eu sei que eu posso, foda-se a sua lei
Quero grana sim, quero as luzes da ribalta
Mas como João Cândido, luto contra a chibata
Tem quem bata, quem atire, mas não vou sucumbir
Antiético, sou do quilombo de Zumbi
[Verso 2: Thiago Ultra]
Pela reconstrução, ação reação
Tensão na sessão, resgaste na ação
Obtenção da paz de espírito
Revogar direito é quase ilícito, explícito
Maquiagem amarela e verde
Maldade, iniquidade, diluente mata a sede
Cultura passada no ato da griotagem
Um de nós dizia que o Rap não é viagem
Forma de expressão, coração na canção
Quem não faz por amor tá cantando em vão
Faço conexão, raça, força, fé, luta
O mundo é nosso, não carece disputa
A mesma ideia, mesmo sonho e correria
Relatando em cada verso o racismo que sofria
Sou Baixada Fluminense, clima tenso, noite quente
Melanina é o fator que une a gente