[Verso 1: Espião]
Rima redonda no compasso, tipo geometria
A letra bem escrita, tipo caligrafia
Fiz desse jeito porque era assim que eu fazia
Esse é o remake, gravado num só take
E eu entro de cabeça que nem brake
É um esporte radical que nem skate
Pros mano que são fake
Diz que é underground, mas do chão não passa
Terra não é areia e poeira não é fumaça
Saiba a diferença, faça a diferença
Não é assim tão fácil, é preciso experiência
Pra jogar rima no vento, deixar cair no tempo
Sem querer dar uma de bom, mas mostrar quem tem talento
[Verso 2: Parteum]
Rua de Baixo até no inferno astral
No microfone eu não me acho o tal
Eu, Parteum, venho pro bico
Explico o que acontece do outro lado da rima
Mais que um rimador monossilábico, nego estrábico
Escrevo a vida enquanto bailo nesse beat clássico
Traduzo o que eu digo enquanto sonho acordado
Nunca desesperado pra fazer o meu e pronto
Quem se ilude quando conto
Quem sou eu, só mais um rimador plebeu
Não me pergunte se vendeu aquele disco lá
Se eu tô no show, eu vou rimar, negócio sempre a parte
Apresento minha arte da maneira mais decente
No meio da bagunça é bem difícil ser inteligente
[Refrão: Espião & Parteum]
Rimas jogadas ao vento
Caem dentro do tempo
No mesmo compasso
Esse é o nó que faz o laço
Quebra-cabeça encaixo
Rimo com Rua de Baixo
[Verso 3: Espião]
Um, dois, som, teste, teste
Espião de São Paulo, leste, oeste
Com as melhores notas do semestre
Que nem vestibulando da Fuvest
Com as melhores notas do semestre
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si
E vai além, notas de dez, notas de cem
Não, essas não têm
Mesmo assim eu vou além
Além do horizonte, com mais inteligência que o MacGyver
E James Bond, com cinco microfones na fonte
Eu digo: "source", aqui a rima é forte
Direto do laboratório dos cientistas
Se não gostou, troca de faixa, troca de pista
Que nem os taxistas da Avenida Paulista
É Espião e Parteum, só avoado baixo e não
Quero todo quarteirão e mais algum
Do remetente ao destinatário
O Dia D do calendário
Não é o seu aniversário
[Refrão: Parteum & Espião]
Rimas jogadas ao vento
Caem dentro do tempo
No mesmo compasso
Esse é o nó que faz o laço
Quebra-cabeça encaixo
Rimo com Rua de Baixo
[Verso 4: Parteum]
As rimas se jogam ao vento
Coloco em qualquer tempo
Minha dor sobre momentos de terror
Eu crio a cor desse discurso
Que tal evoluir e entender
Que mesmo em guerra não há como desistir
O espírito de Gaia, no meio da gandaia
Nem só peixe pequeno morre pela boca
Entretanto quando fodo eu sempre uso touca
Africando o safro no safári da ilusão da fama
Agora antes do show, o Ecad vem e pega a grana
Desencana, seu estilo é verde igual banana
Na banca, no fim da feira
No mic eu me garanto, sem falar besteira
[Verso 5: Espião]
É Parteum e Espião com mais visão de que o Olho de Tandera
De Osasco até Corinthians, em Itaquera
A rima supera
Ultrapassa que nem raio ultravioleta na atmosfera
E incinera de volta abrindo uma cratera
Agora espera
Espera sentado
Na fila do sindicato dos rappers desempregados
Contrato revogado pelo advogado do Diabo
Porque de boas intenções a cadeia tá cheia
Antes de assinar, primeiro leia
Senão cê cai na teia, e aí é muita areia, mano
É um caminhão, não brinca, não
Aqui é o Espião
Dezesseis toneladas eu seguro, irmão
[Refrão: Parteum & Espião]
Rimas jogadas ao vento
Caem dentro do tempo
No mesmo compasso
Esse é o nó que faz o laço
Quebra-cabeça encaixo
Rimo com Rua de Baixo