Claudio Botelho
Tantas Mesas e Cadeiras
[MARIUS]
Há uma dor que segue muda
Gosto amargo que não sai
Tantas mesas e cadeiras
E ninguém se senta mais
Era aqui que se encontravam
Foi aqui que começou
O amanhã que procuravam
O amanhã jamais chegou
E da mesa lá no canto
Via o mundo renascer
Tantas vozes levantaram
E ainda posso ouvir
Seus gritos bravos e as canções
Seus últimos momentos
Nas barricadas onde o sol nasceu
Meus amigos, me perdoem
Todos mortos e eu aqui
Há uma dor que segue muda
Gosto amargo que eu bebi
São fantasmas na janela
Mais fantasmas pelo chão
Tantas mesas e cadeiras
Que ninguém se senta, não
Meu amigos, não se apaga
Tantos sacrifícios seus
Nessas mesas e cadeiras
Já não há amigos meus