Claudio Botelho
Eu Me Acostumei com o Rosto Dela
Diabos! Diabos! Diabos! Diabos!
Me acostumei com o rosto dela
Eu não consigo me livrar
Daqueles olhos sobre mim
Não largam mais de mim
Seus ais, seu tom
A voz, o som
É como um braço que eu perdi
Mas que não para de doer
E eu era tão independente
De repente aconteceu
Ela foi entrando em cada canto que era meu
Como uma doce maldição
Sem ela se tornou amargo meu viver
Posso até prever
Casalzinho Eynsford-Hill
Alugando o seu quartinho num porão
(...)
Posso até prever
O amor correndo a mil
E um cobrador batendo no portão
Pois não se vive só de amores
E eu vou pagar para assistir
Enquanto a tola vende flores
O marido pensa só em dormir
Em um ano ou dois
Ela já envelheceu
E as olheiras lhe tomaram as feições
Em um ano ou dois
Ele já se arrependeu
E fugiu com alguma herdeira de milhões
Pobre Eliza
Quanta tristeza
Quanta desventura
Que beleza
(...)
Mas eu sou um homem muito bom
De grande coração, um cristão
Destes que sabe esquecer e perdoar
Só um homem muito bom
Mas eu jamais perdoarei
Nem que ela implore compaixão
Ela pode ajoelhar
Ela pode espernear
Ela há de congelar no meu portão
- Casar com Freddy! Há!
Mas eu não sei como apagar
A voz a soletrar
Atrás, o trem
E mais, além
É como um gesto que aprendi
Que não cansa de voltar
Ela não passa de uma fêmea
Tão somente uma mulher
Ela é só um hábito
Que eu tenho que perder
Mas o seu rosto sempre aqui
Como uma maldição
Não há como esquecer