Claudio Botelho
Guarda Krupke
Meu caro guarda Krupke, você tem que entender
Que hoje a gente é fruto de quem nos fez sofre
A mãe da gente bebe‚ o pai já senta o pau
Claro‚ veja‚ porque a gente é mal
Seu guarda tá vendo que a gente cresceu
Mas casa com carinho a gente nem conheceu
A gente precisa de muita atenção, pois lá no fundo a gente é bom
Muito bom, muito bom‚ muito bom, bom, bom
Bem no fundo a gente é muito bom

(...)

Meu caro magistrado‚ meus pais faziam assim
Com tanto baseado, não davam um só pra mim
Ninguém me quis no mundo, mas eu apareci
Torto, porco, eis como eu cresci
Seu guarda se toca que o jovem tã tã
Não tem que ir pra cadeia, mas deitar no divã
É tudo neurose, precisa tratar
Ou o coitadinho vai pirar!
Vou pirar!
Vai pirar, vai pirar, a gente vai pirar, coitadinho, a gente vai pirar

(...)

Meu pai é um pamonha, mamãe não fica atrás
Vovô fuma maconha, vovó bebe agua rás
A mana faz a barba, o mano usa batom
Mas é claro que eu saí do tom
Veja seu guarda, é fácil entender
O que o rapaz precisa é de emprego qualquer
A sociedade fez dele um robô com a autoestima de um cocô
Um robô, um robô, um robô, somos um robô com a autoestima de um cocô
(...)

Querida assistente, me mandam trabalhar
De caixa ou de atendente, das nove até cansar
Não é que eu seja contra, mas tenho indigestão
Chama outro pra bater cartão
Veja seu guarda, não é bem assim
Emprego não resolve a sua cadeia e fim
Não serve conversa, não tira e nem põe
Pois lá no fundo o tipo é ruim
Eu sou ruim!
Ele é ruim, muito ruim, ruim, ruim
Bem no fundo a gente é muito ruim
De fato é um estrupício, de fato é um beberrão
De fato é só do vício, é pura podridão
De fato eu to crescendo, de fato já cresceu
Não tem jeito foi pro beleléu
Por isso seu guarda com a gente não dá
A gente não tem jeito e nunca vai consertar
Seu guarda desiste seu time perdeu
Xi, olha seu guarda
Fudeu!