Claudio Botelho
Onde as Palavras Me Levam Eu Vou
[PORTIA]
Eu adoro Vinicius
Drummond é meu vício
Poeta maior, Djavan
Poesia vem disso
Difícil, feitiço
É isso!
Açaí, guardiã

Sozinha à noite na cama
Pra me satisfazer
Eu faço cosquinha na minha coisinha
Vou ler

Eu sou assim
Eu tremo igual pudim quando rima
Essa sou eu
E pra mim até o fim a rima vem por cima
Onde as palavras me levam eu vou
Onde as palavras são suas estou
Palavras suas, de mais ninguém
Eu amo...

(falando)
Você tá realmente fazendo uma coisa comigo, hein, seu poeta? Ai, perdoe-me, é que eu nunca consigo debater poesia desse jeito, sabe?
[NIGEL, falando]
Tá tudo bem, eu que nunca imaginei quе a poesia pudesse afеtar alguém como ela afeta a mim!

[PORTIA, falando]
Eu também não...

[NIGEL]
É o rumo, é o sumo
É um grande resumo
De todos os livros que eu li

[PORTIA, falando]
Ai, pra mim também!

(cantando)
A volúpia ao virar cada página
Quando na minha volúpia eu cair
Ih, agora eu pirei, né?

[NIGEL]
Não, que nada, eu bem sei
Quando prosa e paixão
Me arrancaram do chão
Eu gritei

[PORTIA, falando]
Ah, você grita? Eu também! Ahhh!
(cantando)
Eu delírio com aliteração
Lado a lado a letra

[NIGEL]
Eu amo alinhavar a letra

[PORTIA]
Já percebeu
Que o verso fica emparelhado quando o verso trepa?

[NIGEL]
Cê tá certa!

[PORTIA E NIGEL]
Onde as palavras me levam eu vou
Onde as palavras são suas estou
Estou amando e você sabe bem
Amando, estou amando
Estou amando

[NIGEL]
Eu também