Era mais uma tarde
De domingo e ressaca
Insististe outra vez
E subiste p’la escada
Abri-te a porta a medo
Devia ser segredo
Corei quando te vi
E deixei prender-me a ti
Quis levar-te ao coreto
Atrever-me a dançar
O futuro é incerto
Podes não querer olhar
Prometi-te o meu quarto
Teres-me ao acordar
Cada vez que eu parto
Sabes que é só p’ra voltar
Quis levar-te ao altar
No fato do teu pai
Pensar na tua Mãe
Se ela sequer ia gostar de mim
E os manos na mesa
A beber e a cantar
Sem saber que o que interessa
É não ter medo de ficar até ao fim
Fui do Sado ao Sul
Quis trazer-te p’ra casa
Medo e o céu azul
Tu partiste-me a asa
E eu reguei-te os girassóis
Vi-te fechar na tua bolha
És tão mais do que me dois
Da garrafa salta da rolha
Guardaste junto ao peito
As flores no manequim
E eu sei que ao teu jeito
Tu estás a pensar em mim
E os dois lado a lado
Um ardor que há em nós
O orgulho é o nosso fado
Nós não queremos ficar sós
Quis levar-te ao altar
No fato do teu pai
Pensar na tua Mãe
Se ela sequer ia gostar de mim
E os manos na mesa
A beber e a cantar
Sem saber que o que interessa
É não ter medo de ficar até ao fim
Ciúme e a incerteza
Desconfiança, minha alteza
Ascender ao cume deste muro
Talvez vás entender
Que ao acenderes lume no escuro
Vais ver fumo sem ver fogo e correr
Quis levar-te ao altar
No fato do teu pai
Pensar na tua Mãe
Se ela sequer ia gostar de mim
E os manos na mesa
A beber e a cantar
Sem saber que o que interessa
É não ter medo de ficar até ao fim
Lembro da cicatriz
No fundo dessas costas
Mas porque é que te ris?
E dizes que não gostas?
O amigo secreto no Natal
Vão haver outros não faz mal
Eu vou lá estar
Pra te abraçar