Zarco (PRT)
Corsário
Corsário português
Não se sabe bem o que fez
Sem ser a sua história
Narrada in medias res

Rapazote escanifrado
Destemido e bem temperado
Rapinou o seu primeiro barco
Procurando a bonança

Cruzou os mares para lá do Sol
Procurando a Conchichina
Foi mandado ao chegar
Ir à caça gambozina

Navegou por mais uns anos
Subindo rio a rio
Sempre se escafedendo
Pois o destino lhe sorriu

Sacripanta maltrapilho
Exímio a tocar rabeca
Fanou rainhas do cortiço
E pôs-se na alheta

Capitão António Faria
Navegava contra as chuvas
Procurando a Cochinchina
Encalhou no cú de judas
Naufragou numa famosa ilha
Habitada por pirataria
Esperou até uma nau roubar
E foi para lá de Bagdad

Conheceu um tal de Mendes Pinto
Ensimesmado com o perímetro
Larapiavam enchendo a sacola
E escondiam-no em cascos de rolha
Mas aquilo que ele tanto queria
Jazia num erro de dactilografia
Cochim, como a China já existia e Nang-su ainda se chama hoje em dia

Lá bateu a caçoleta
Naufragou numa tormenta
Morreu seis anos depois
Sem filho e sem mulher
Cobriu-lhe os seus dois olhos
São Francisco Xavier