​zé menos
O voo
[Intro]
Fui falar de vocês a todos
Que eram lindas mas queriam ter troncos
Que eram filhas mas queriam ser fonte
Que eram simples mas tinham assunto
Que caíam para tentar o voo

Fui falar de vocês a todos
Que eram lindas mas queriam ter troncos
Que eram filhas mas queriam ser fonte
Que eram simples mas tinham assunto
Que caíam para tentar o voo

[Verso 1]
Fui falar de vocês a todos
Visitei-vos em cada estação desse percurso
Conheci todos os amigos da vossa rua
Sou o homem que visita as árvores-recluso
Vocês voem, voem, fujam, venham no meu casaco
Que eu vos trago para vos poder libertar
Juro ser mesmo incapaz de as magoar
Também amo a vossa mãe, sou filho do mesmo ventre
Liquidambar
Vim falar de vocês a todos
Mas eu próprio subestimei a contar aos outros
“elas caem para ser mais e não serão”
A verdade é que se cais não é em vão no meu Outono

[Refrão]
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal errei, que afinal vivem
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal vivem e que aqui se criam
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal errei, que afinal vivem
Que afinal errei, que afinal vivem
Que afinal errei e que aqui se criam (e que aqui se criam)
Quem vai dizer às filhas que elas aqui serão árvores?
Quem vai dizer às filhas que elas aqui serão árvores?
Eu vou dizer às folhas que elas aqui já são árvores

[Verso 2]
Elas despem-se e despedem-se
E hei-de ver-vos para o ano com a família
Que levaram desta creche
Eu aprendi que educar é dar espaço
Caducar é um passo para o salto que chamamos crescer
E não me interessa que me digam que isso não encaixa
E a ciência que duvida que elas serão mães
Porque a verdade aqui é minha e eu decido
O cachimbo não é cachimbo
E as folhas de Outono caem para serem mais
Eu admito, fui falar de vocês ao mundo
Porque vivem mais do que eu vivo e só crescem porque eu vos vi
E isso é bonito, então a gente vê-se mais madura
E quem sabe talvez um dia eu me torne numa caduca

[Refrão]
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal errei, que afinal vivem
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal vivem e que aqui se criam
Quantas árvores nascem hoje?
Quem lhes vai dizer que afinal errei, que afinal vivem
Que afinal errei, que afinal vivem
Que afinal errei e que aqui se criam (e que aqui se criam)
Quem vai dizer às filhas que elas aqui serão árvores?
Quem vai dizer às filhas que elas aqui serão árvores?
Eu vou dizer às folhas que elas aqui já são árvores
Eu vou dizer às folhas que elas aqui já são árvores
Eu vou dizer às folhas que elas aqui já são árvores