[Verso 1]
Digamos que eu não considerasse isso um dom divino
Digamos que eu nunca fui “O menino bom do violino”
Que não aprendi a ler partitura em menos de um ano
E que não fosse do rap, fosse menos um mano
Que aquele cú puxou o gatilho e eu nunca cheguei aos vinte
Que o Amiri não voltou pro Santa na semana seguinte
Digamos que ele não milita pelo ou gosta do povo
Digamos que ele voltou a se sentir um bosta de novo
Digamos que ele é tão ansioso que nasceu feto
Digamos que achou a resposta naquela porra de teto
Que aquela vaca não risse quando ligamos e visse
Que piada é o macho dela e não o meu sonho, digamos que
O Willian não roubou cobre deu encrenca e dói
Ver o pai rodar e crescer pobre em meio a uma penca de boy
Digamos que eu não preze do jeito que fã preza
Digamos que eu nunca mais volte a ser o “fi da irmã Zéza”
E que nunca fosse aloprado pro ser preto igual o Popo
E que a próxima parada fosse topada, e não topo
Ou porque isso zoa minha mente desde moleque?
E se eu investisse em mil gols invés de mil raps?
Digamos que ainda sou fantoche de baile Black
Não percebi que épocas são beats, vida é freestyle, é que
Ela é curta pra mim parar ela no meio, digamos que
Não fosse servir pedir pra dar play ou rec