B Fachada
Cantiga Da Velha Mãe E Dos Seus 2 Filhos
Ai o meu pobre filho, que rico que é
Ai o meu rico filho, que pobre que é
Nascidos do mesmo ventre
Um vive de joelhos pró outro passar à frente
E esta velha mãe para aqui já no sol poente
Um dia há muito tempo, vi-os partir
Levando cada um do outro o porvir
Seguiram pela estrada fora
Um voltou-se para trás, disse adeus que me vou embora
Voltaremos trazendo connosco a vitória
De que vitória falas, disse eu então
Da que faz um escravo do teu irmão?
Ou duma outra que rebenta
Como um rio de fúria no peito feito tormenta
Quando não há nada a perder no que se tenta?
Passaram muitos anos sem mais saber
Nem por onde passavam, nem se por ter
Criado os dois no mesmo chão
Eram ainda irmãos, partilhavam ainda o pão
E o silêncio enchia de morte o meu coração
Depois vieram novas que o que vivia
Da miséria do outro, se enriquecia
Não foi para isto que andei
Dias que foram longos e noites que não contei
A lutar p'ra ter a justiça como lei