[Intro]
[Verso 1]
Conheceste-me hoje na disco
Mordeste ao longe o meu isco
Dançámos colados, nuca com cara
Chegámos curvados a minha casa
Ofereço-te uma bebida
Tu aceitas, faço dois gins
Estás no meu crib
Eu fosse creep
Se tinha roofies?
Nunca confies
Nunca te fies
Porquê? vais possuir-me, é?
O quê? não sou de Telheiras nem tenho má fé
Mas devias ter mais cuidado na próxima
Dou um trago no gin enquanto ela se aproxima
Peço permissão para a beijar
Ela diz toda intensa
“já o devias ter feito”
Beijo-a enquanto pеço licença
“posso te ir tocando no peito?”
(ya? posso? sе faz favor obrigado)
Ela diz sim com a cabeça
A luz verde parece acesa
Mas falta o ok verbal
O consentimento é essencial
Dizem quem cala, consente
Mas não basta estar presente
Comigo é tudo a preceito, mas (sou intransigente)
Só para evitar ter problemas (legalmente)
Posso desapertar-te o soutien?
Posso deitar-te no divã?
Posso tocar na tua pele?
Sou cavalheiro e tu donzela
Confirmas que sim, eu prossigo
Caminho livre, eu consigo
[Refrão]
Só preciso ter o teu ok
Não precisa sentimento
Só consentimento
Sei que hoje não queres um cavalheiro
Hoje em dia é melhor para não haver constrangimento
Sexo com sentimento ou com consentimento
Não preciso de sentimento
Mas só vou com consentimento
[Verso 2]
Isto está a aquecer
Posso ir lá abaixo lamber?
“isso nem se pergunta”, diz ela
Claro que pergunta
Tenho bons modos
Educação, etiqueta e cautela
Como é que ia saber se tinha a tua autorização
Para efectuar o cunilingu? ia arriscar tipo bingo?
Não, não, não
Isso é micro-agressão
Não falas, empurras cabeça para baixo
Reviras os olhos, nas tuas coxas me encaixo
É hora de passar ao próximo nível
Sem demora, falta evidência audível
Ou então por escrito
Parece haver consentimento
Mas pelo sim pelo não
Assina aqui o documento
“ya assina aqui, são só estas folhas, se faz favor”
Preenche esta declaração amigável
Onde ambos os outorgantes
Manifestam antes
Uma vontade irrevogável
De fazer sexo e ser amantes
“eh pá, isto é muita folha”
Rubrica todas as folhas e assina no fim
Para eu ter a certeza que estás afim
É preciso isto tanta papelada?
Sim, sim, nos dias de hoje a palavra já não vale nada
Por isso, antes de começar, por favor assina
Assinala com uma cruz que me dás autorização
Para penetrar a tua vagina
Assina para eu penetrar a tua vagina
[Refrão]
Seja love making ou até deepthroat
No teu carro, num motel ou até num boat
Seja com a prima ou com a vizinha
Até ao fundão ou ficar pela pontinha
Sexo com sentimento ou com consentimento
Não preciso de sentimento
Mas só vou com consentimento
[Verso 3]
Posso enfiar?
Já disse que sim, já assinei
Ok. ok. só mais uma coisa, não demora
Sim… o que é que foi agora?
Sopra no balão para eu provar que estás sóbria
Não me quero aproveitar de ti
E amanhã não teres memória
De estares aqui
Vou meter a minha mãe em alta voz
“vai filho, dá-lhe, filho, dá-lhe com força”
Quem são aqueles ali?
Chamei os vizinhos para não estarmos sós
Para termos testemunhas que isto foi consentido
Assim ficamos os dois protegidos
Mesmo que um de nós amanhã esteja arrependido
Vou buscar e meto o condom
Tu dizes “despacha-te tou com fome”
Calm down, mas dizes que tens pressa
E eu digo, shhhh, calma Vanessa
(A Vanessa ainda está nessas cenas?)
Ya, meu...
Dizes que tomas contraceptivo
Nada contra, estou receptivo
Na descontra, até é atrativo
Não quero ser repetitivo… mas se é sem camisinha
Tens de assinar mais esta folhinha
Deste pro-forma, é a norma
Depois eu submeto na plataforma
Que informa ambas as partes
Interessadas no sexo
Parece um processo complexo
Mas só tem dez anexos
Enviado com sucesso
[Refrão]
Seja com o sem preservativo
Com pílula ou coito interrompido
Com carinho ou com tapa nas nalgas
Eu por cima ou então tu cavalgas (Oh, hiquitação)
Sexo com sentimento ou com consentimento (Brr)
Não preciso de sentimento
Mas só vou com consentimento
[Verso 4]
Está tudo tratado
Eu enfio com cuidado
Não é que seja um grande sardão
É mais questão de educação
E dá mais tempo se mudares de opinião
Oh sim, gemes
Oh não, tremes
Pára tudo! Não é não!
Tiro a mão e peço perdão
Atão? porque é que paraste?
Tu disseste que não… não reparaste?
Oh, é uma maneira de dizer, vá, vem
Não senhora, não é não, não é só quando convém
Mas eu agora estou a dizer que sim
Pois, e agora como é que acredito em ti?
És bipolar? ainda és capazes de me acusar de te estar a violar
Eh pá, eu disse não tipo de prazer a gostar
É como chamar por deus e não sou crente
Anda, dá-me por trás e pela frente
Dá-me à bruta
Ui, assim de repente, à bruta?
Para isso é preciso assinar mais uma minuta
“ya, é aqui mais uma assinaturazinha”
[Refrão]
Só preciso ter o teu ok
Não precisa sentimento
Só consentimento
Sei que hoje não queres um cavalhei...
[Verso 5]
Foda-se
Fode-me de uma vez
Faz-te um homem
Quero que me dês
Bate-me, chama-me nomes
Deixa-me louca
Vem-te na cara
Esporra-me a boca
Fode-me à bruta
Chama-me puta
Cospe-me a cona, vá
Faz-me vir na cama na poltrona
Até adormecermos no sofá
Eh pá. dirty talk? não sei se dá
Tenho de rever o contrato a ver está lá
Foda-se, não és homem nem és nada
Ai essa expectativa errada
Esse estereótipo da masculinidade
Foste enganada pela sociedade
O homem só é homem se souber “foder” uma mulher
E porque é que não é a mulher a foder se quiser?
E um homem tem de dar com força para ser homem, é isso?
Um homem já não pode gostar devagarinho
Que já não é macho, é isso?
Não acho. um homem não pode pedir consentimento
E ser cavalheiro
Que é logo homossexual, rabicho ou paneleiro ?
Além disso, acho que ejacular na boca da mulher
É humilhar-se e não é isso que se quer
Ali de joelhos a subjugar-se a um qualquer
Mas eu quero! gosto, faço de bom grado!
Não, tu não sabes o que tu gostas
Isso são imposições do porno e do patriarcado
Que trata as bitches como se fossem gado
Onde é que já se viu, agora a boca cheia de sémen
Até deve deixar os dentes amarelos
Foda-se, cala-te, vá, bebe o gin e abusa de mim
Não dá, com esta conversa toda eu já me vim