Mira Andrea Balloli
Das palavras actos
Ao desligar a chamada fico com um sentimento de alívio
Sa foda o telefone, estraga o convívio
Conversas sem olhares são verdadeiras pra cegos
Que não vêm quando os olhos mentem
Mas sentem quando tu és impuro
Porque o ouvido capta o que a visão esconde no escuro
E eu ou estou maluco ou estou a disfarçar
Finjo não ver para poder escutar, não ouvir pra poder olhar
Agora até finjo fingir para que pensem que eu não sou de confiar

Eu sou um farsolas no campo minado
Rastejando para não ser apanhado no fogo cruzado
Meti o pé na poça agora tenho um pé atrás
Ver para crer, preciso ter certezas em cima da mesa
No passado fui obrigado a crescer
Nada acontece até realmente acontecer, é única certeza
E o que nos une é tão forte como fio
Como confiar em ti se até de mim eu desconfio?
Promessas, voam como a palavra

Vontades mudam com o vento e aqui tá sempre nortada
É que o empurrão que te ajuda no início
Vem dos mesmos braços que te empurram para o precipício

Ao cair que seja por mim
Se arder na tua fogueira, vai ser à minha maneira porque eu agora estou assim mudado
Não mudo nem um bocado
E quando tu falas, não respondo, eu não sou mudo, eu é que escolho estar calado
Só estou a ser honesto comigo
Não abro a boca ao acaso, quando falo é pra ser cumprido
Culpa quem me educou, quem me ensinou a ser o que sou
Porque disse que a palavra era sagrada e errou
Prometes mundos e fundos, não quero o fundo do mundo
Quero que escutes e te cales por um segundo
Marcamos um café?
É que no frente a frente muita gente muda o seu comportamento, não é?
E quero ver se cara a cara tens cara de pau
Se tiveres, eu sou o gato que não morreu
E dona chica nem se admirou
Porque depois de tantos paus o gato ainda não bazou
Com eles construiu a casa que lobo mau soprou
Naquela noite de inverno em que o inferno se instalou

Mano, não acredites em tudo o que dizem
Nem digas aquilo que tu não podes cumprir
Um dia vais perceber que aqueles que se contradizem
Têm poucos ou nenhum motivo pra sorrir
E lá estou a fazer filmes com um telefonema
Serei realizador ou terei algum problema?
Há quem diga que é isto a maturidade
Aprender com erros do passado
Para não cair no mesmo buraco mais tarde
De qualquer maneira eu estou protegido
Das palavras disparadas pela boca do bandido
Porque eu acredito em mim
Só acredito em mim
E naqueles que fazem parte de mim

Não acredites em tudo o que dizem
Nem digas aquilo que não podes cumprir
Um dia vais perceber, aqueles que se contradizem
Têm poucos ou nenhum motivo pra sorrir