[Letra de "PATRIMÓNIO"]
[Intro]
E o tema da mensagem de hoje é:
"Cuidando do seu maior património"
Como é que eu sei qual é o meu maior património?
Nosso maior património é aquele
Que nos faz ter maior atenção, maior investimento
[Verso 1: Blasph]
Marcha lenta, reflexo de nada, só flex, só leta
Meu jogo de cor leva uma nota preta
Tu ainda és Virgo, eu mastigo a malagueta (Em nome do Pai)
A hóstia hoje acompanha com caviar
Vais ter que aceitar esta pólvora
Eu hei-de ir um dia mas fica a obra
Já fodeste a jante com essa manobra
Pagaste a um jardineiro quando eras tu a cobra
Nunca se leva uma puta à ópera
Já vi que operamos diferente com o me'mo utensílio
Meu cachet não vale as roupas do meu filho
Por isso o meu trilho às vezes leva-me ao tio Emílio
Não me convém ser farejado por um canídeo
O dinheiro da música ou um vitral numa basílica
A consciência já não pesa, fado o talento que me iliba
Acendo o meu nite, ajeito a jaqueta
Se o futuro era bright, agora cega-te a vista
(Huh) Teu excesso de atitude espiga a boulevard
Isso 'tá-me a atrapalhar, foca mais no teu placard
Enquanto eu corro p'a ir buscar um sedan no Samucar
Ecrãs embutidos nos encostos de cabeça
Nada que o tio Diluva não mereça, já senti a minha alma presa
Agora acordo como se tivesse me'mo a vir a sobremesa
Dêmos agora todos as mãos, irmãos
[Refrão: Blasph]
Deus me livre, ter património cadente
Não quero ser mais um ferido abatido na selva cimento
Que se afogou no monopólio com o peso do pingente
Senhor só quero ser eu me'mo, agora e p'ra sempre (Me'mo)
[Verso 2: Blasph]
Sou reservado, nunca foi pelas damas
Não foi febre, eu já suei nessas camas
Só que só durou umas semanas
Verdade é que só chulava e queria-me vir nas pestanas
Uh, drip não encomendas do eBay
Vou ter de te tirar daí, frutas no meu bolo-rei
Obsoleto como o blu-ray
'Tavas no folheto? Talvez, boy, não liguei
Isolei-me e fui ouvir "My Way" do Sinatra
Só me vês na red carpet com uma bitch mais alta
Pára tudo, fight na esplanada
O importante agora é que tu não prestas p'ra nada
Toda frita à frente da manada, ninguém resiste à panada
Machine afinada, o óleo 'tá quente
Sul e o Oriente, o move muda tudo como um puto desobediente
Foi desagradável não entrares neste episódio
Eu percebo o teu ódio, não dá p'a dividir pódio
Tu até podes vir todo entupido de ópio
Faz-te falta o harmónio que te faz tornar património
[Interlúdio: Sam The Kid]
O maior património que um homem possui
É a sua própria alma
E como dono dela, o nosso Senhor
Garante um seguro vitalício e eterno
Quando é que aprendes? Que não é vender a alma
É pôr a alma no que vendes (É pôr a alma no que vendes)
Então pausa no teu browser
Não há cláusula que me enclausure
[Verso 3: Sam The Kid]
Não me aburgueso, eu 'tou no berço a ler o meu sermão
E eu não 'tou preso a um boss soberano
Eu não dou posse, eu não dou preço
Queriam que eu vendesse um mano e eu não sou esse irmão
Eu não sou esse Mira (Não)
Eu sou corão, eu não me vendo
E o vento não me vira nem me vigariza
Uma divisão que eu não racho mais
Vida indie, não me endivida e eu taxo baixo
Não faz sentido editora p'ró som que um gajo faz
Eu entrego um álbum e ela o que é que me traz? Sofás?
No meu divã difiro ondas, no dele não vejo til
E eu vejo que ele só tem estilo têxtil
Num texto ele não dripa, nem vejo skill num tímpano
E os “Heys” que ele ad-liba, galei nuns mil
Clones de ícones e há mil modos
P'ra hoje em dia haverem mil bodes em billboards
E likes malaicos de amigos hebraicos
Contratos antigos com artigos arcaicos
Tapar o bronze e ala
E à pala de umas plaquitas que ele pensa que nos iguala
Só fala em muitas visitas, é a nova Suzy Paula
Não é só musical a mala que o meu negócio embala
'Tão sócio, gala o meu sacerdócio, não é só Cigala
E eu nunca fui do jet set ou andei com a gente certa
Gente deserta p'ra deixar de ser mais uma etcetera (Huh)
Essa fama engana, dá grana, mas só te afana bens
Que fama tens? A fama que só chama charlatães?
Pff, parabéns, leva um queijo e um magalhães
Meus álbuns não serão alheios, mano, eu trabalhei-os
P'ra um dia serem património igual a Guimarães
Talvez aprendas quando houver noção em giveaways
Paleios p'ra que anseies massa
Inventam prémios e querem que os pavoneies na praça
E o cortejo passa, num contexto de farsa
Quando eu te vejo, eu penso e peço um grande desejo de graça
[Refrão: Sam The Kid & Blasph]
Que Deus me livre de ter um património cadente
Não quero ser mais um que é só consumido ironicamente
Que enlouqueceu no moneycómio dum demónio influente
Eu só quero ser eu me'mo, agora e p'a sempre (Amen)
[Verso 4: Sam The Kid]
Há quem tenha que assinar a patente ou o negócio mara
Tenho a visão diferente, eu miro à frente como a Simara
E eu não vim p'a te ensinar a ser igual a mim, mas
Na minha história não há final
Eu trago a história do Limahl, são vidas alcalinas
É a sina d'um pro, amadureci
E mesmo assim ainda 'tou em cima na mó
Eu oxigeno o meu género
Ninguém me ensina um dó nem uma pequena tese
Eu sou mecenas, só peço apenas que a pena pese
Eu tenho a fé de um salmista que até um ateísta crê
'Tão não compares o meu disco ao teu, se é lixo gourmet
Tu queres saber a diferença e ninguém te diz porquê
Porque o meu rap fez escola, o teu fez a lista V (Hahaha)