[Intro]
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
[Refrão]
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
[Verso 1]
Deve haver forma de eu conseguir explicar isto
Doutor... no pior dos meus pesadelos
Eu imagino uma cadeira que roda
Nela sentado um Carreira que me olha
E diz-me "eu quero trabalhar contigo agora"
E é neste ápice delírio famigerado de convicção absoluta
Que eu esqueço o merdas que sou e viro um maxim
Convencido com o meu génio artístico vivaz onírico
Aguardavam por mim tímido entre outros na fila de um casting
(Toda a minha família ao rubro com a minha vitória…
O país evoca-me…
Eu vejo tipos famosos de sobretudo
A chegar lá a casa p'ra jantar e tudo
O meu pai com grande moca... "O meu filho é um espetáculo!")
Viram-se os holofotes do mundo sofático, sofístico
Apontados na direcção de um Keso idílico
De beleza radiante e voz perfumada
Pronto a tornar-se finalmente num ser mais profícuo
Esticam-me um contrato e eu assino … no cimo
Da linha que me vincula a um destino
Num escritório mítico de uma Lisboa criptic
Onde a étimologia das palavras é limpa
Por um design clínico
Não mais penso no escrito
Só mais penso no que visto
Não mais escondo a cara, não mais vandalismo
Não mais activismo descabido
Nem subversismo
Mas eu tendo em optar pelo mau caminho
E vou continuar a chicotear-me a frio
Até que o puro devir … acabe comigo
(Doutor)
Levo uma vida de merda…(3x)
Mas… não abdico
[Refrão]
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
Se eu acredito no teu Underground…não minto
És a voz que eu sinto, não estás só (não)
[Verso 2]
Doutor… no pior dos meus ataques eu sou raptado e vivo
Largado num palco de um lugar ambíguo
Onde a plateia aplaude apoteótica
E o meu nome é um grito pronunciado exactamente
Como ele é escrito
"Keso, Keso, Keso!.."
E se há coisa que eu não admito
É ver o meu nome em bold escrito
Num cartaz de um evento
Desligado do movimento em que eu me insiro
Eu sou do rap e represento o que eu digo
Mas sinto o maxilar em movimentos contínuos
A debitar um texto escrito por um tipo que não me é conhecido
E eu não controlo nem evito o conteúdo amoroso derretido
Não consigo ter um umbigo tão ambíguo…
Mas nestas visões eu danço e coreógrafo
Tenho o sobrolho depilado
E um enchumaço destacado
Tipo pau mandado de skinny jeans e cabelo aprumado
Você também não precisa de exagerar não é..