Keso
Gente e Pedra
[Verso 1: Keso]
Eu lembro-me de ser pequeno
E alguém dizer-me que em Rosario
Parem-se as mulheres mais belas de todos os tempos
Acho que têm seis mamilos, quatro xoxotas e um apetite profundo
Por europeus comuns com genitais pequenos
Tipo eu e tu…
Nah, é mentira
Eu estive lá em 2010
E garanto-te que é tudo uma grande mentira…

Elas depilam as pernas com veet
Usam o mesmo baton de stick que a tua mãe
Cheiram a perfume genérico de qualquer boutique
Têm pernas e tinder
Falam, comem, encornam e divorciam
No divórcio os bens dividem-se
Apaixonam-se com o mesmo beat
Amam o mesmo vídeo viral do vimeo
Varrem moopies do mac
Compram tangas na intimissimi
Enviam-te sms com selfies/porn/erotismo
Percebem tanto como eu e tu de agricultura, aquacultura
Não cozinham. compram embalado no super
Nasceram a comer iogurtes e derivados de lacticínios
Têm luz em casa, fogão, disco, frigorífico
Não entendo o que te leva a tal fascínio
Qualquer ranhosa tuga faria o mesmo noutro sítio
Isto não é um rasgo desmedido de machismo
É só uma questão não menos pertinente
Sobre a componente sexual
Nesse assunto tão interessante como aborrecido
Que é o multi-cul-turalismo
Por isso

[Refrão x2]
Se queres tirar bilhete amigo… então vai…vai
(mas eu deixo-te um aviso)
Por todo lado a mesma merda
Gente e pedra
Só Gente e pedra
Gente e pedra

[Verso 2: Keso]
Voltemos um pouco atrás no tempo...
Eu imagino a cara de Cão, do Cabral, do Eanes
Do Gama e do Zarco
Após a fome e a sede passada num barco
Desembarcarem no outro lado daquele que seria um outro mundo
E darem de frente com o mesmo tipo biológico de urso
Tipo com um trevo a tapar o perpúcio
Sem saber o que era a vergonha
A cobiça, a ganância e o luxo
A homofobia, a xenofobia
O mercantilismo...
As instalações sanitárias
A moda e o materialismo
O capitalismo e o cristianismo
E toda uma escória de -ismos ocidentais
Globalizados até ao mais ínfimo...

(3x)
Recanto e buraco da intimidade
Da terra e da humanidade
(I’ll never forget you...)
Humanidade...

(2x)
Eu vou colar um selo e descolar os pés no escuro
E nadarei sem gravidade rumo a nenhum futuro
Até limpar a sujidade da humanidade a que eu refuto
Por isso

[Refrão]
Se queres tirar bilhete amigo… então vai…vai
(mas eu deixo-te um aviso)
Por todo lado a mesma merda
Gente e pedra
Só Gente e pedra
Gente e pedra