[MARTA]
Já são mais cem pessoas que vem lá do metrô, vem pingando suor
E já são mais cem pessoas que dos ônibus vem, vem olhando ao redor
E já são mais cem pessoas que o avião já deixou no aeroporto também
Quem saiu do metrô vem andando sem nem
Se virar pra trás

A cidade de estranhos...
Vêm pra curtir ou trabalhar...
Cidade de estranhos...
Vêm pra sair ou viajar...
Vêm passear
Ou pra ficar

E em cada parque, eles vão poder ir pra se encontrar
E sentar nos bancos pra se conhecer e pra conversar
E eles se deparam com as pichações sempre ao caminhar
E eles vão a festas mesmo sem ninguém
Pra lhes convidar
“Vai querer jantar ou você desistiu e já quer terminar?”
“Não viu a mensagem ou ignorou?”
“Quer sair lá pela quinta ou você cansou?”
“Sempre olho o telefone, mas ‘cê nunca mais ligou…

E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
[AYLA, falado]
Eu não vim direto para São Paulo. Passei dois anos na UFRJ, mas foi um erro lamentável. Estive em regime de “liberdade condicional” durante os dois anos. Estava me preparando para voltar para Petrópolis quando decidi que o lugar onde eu realmente queria morar mais do que qualquer outro era... a Cidade Líder. Eu achei que era uma cidadezinha maravilhosa perto de São Paulo. Então vim para cá. Eu sou muito burra

[ROBERTO, falado]
Eu te acho muito interessante

[AYLA, falado]
Bem, eu não sou. Costumava pensar que eu era tão estranha. Mas meu colega de quarto é assim também. Ele também é muito burro

[ROBERTO, falado]
Ah, você nunca mencionou ele. Ele... é seu namorado?

[AYLA, falado]
Ah, não. Nós apenas dividimos este apartamento enorme no Alto de Pinheiros. Temos nossos próprios quartos e tudo mais. Eu te mostraria, mas nunca tivemos visitas. Ele é uma pessoa muito querida, na verdade. Acho que ele gosta da decoração. Mas não sei... nunca discutimos isso. Ele nasceu em São Paulo... então nada realmente o interessa. Eu não tenho mais nada a dizer

[MARTA]
E em cada parque, eles vão poder ir pra se encontrar
E sentar nos bancos pra se conhecer e pra conversar
E eles se deparam com as pichações sempre ao caminhar
E eles vão a festas mesmo sem ninguém
Pra lhes convidar
“Vai querer jantar ou você desistiu e já
Quer terminar?”
“Não viu a mensagem ou ignorou?”
“Quer sair lá pela quinta ou você cansou?”
“Sempre olho o telefone, mas ‘cê nunca mais ligou…
E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
[ROBERTO, falado]
Isso é realmente emocionante, Karen. Fascinante

[KAREN, falado]
Roberto, você é terrível

[ROBERTO, falado]
Você vem aqui com frequência, né? Maravilhoso. E talvez depois possamos ir assistir a um corte de cabelo

[KAREN, falado]
Ah, você não aguenta que com uma grande festa acontecendo eu te convenci a vir aqui comigo

[ROBERTO, falado]
Que festa você... ah, aquela festa. Eu tinha completamente esquecido dessa festa. Mas ei, talvez ainda possamos chegar lá

[KAREN, falado]
Roberto, tente aproveitar isso. Imagine estar em um cantinho tranquilo de um parque bem aqui no meio da movimentada e barulhenta Avenida Paulista. Um parque simples e bonito que sempre me faz desejar estar de volta a Paraty

[ROBERTO, falado]
Você é um caso sério, senhorita

[KAREN, falado]
O que eu sou é como esse parque aqui. Fora do lugar

[ROBERTO, falado]
Você é como esse parque. Muito adorável. Muito
[KAREN, falado]
Roberto, eu nunca deixei você saber o quão bom, bom homem eu acho que você é e o quanto você significou para mim. Roberto, eu... Eu te trouxe aqui porque eu queria te contar sozinha. Eu estou voltando para Paraty. Eu vou me casar

[ROBERTO, falado]
Casar?

[KAREN, falado]
Algumas pessoas ainda se casam, sabe

[ROBERTO, falado]
Você simplesmente se apaixonou de repente?

[KAREN, falado]
Eu serei uma boa esposa. Agora eu quero coisas reais. Um marido, uma família. Acho que há um momento para vir a São Paulo e um momento para partir. Aproveite sua festa

[MARTA]
Já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
Vem pingando suor
E já são mais cem pessoas que dos ônibus vem
Vem olhando ao redor
E já são mais cem pessoas que o avião já deixou
No aeroporto também
Quem saiu do metrô
Vem andando sem nem
Se virar pra trás

A cidade de estranhos...
Vem pra curtir ou trabalhar
Cidade de estranhos...
Vem pra sair ou viajar
Vem passear
Ou pra voltar...

Ou em cada parque, eles vão poder ir pra se encontrar
E sentar nos bancos pra se conhecer e pra conversar
E eles se deparam com as pichações sempre ao caminhar
E eles vão a festas mesmo sem ninguém
Pra lhes convidar
“Vai querer jantar ou você desistiu e já
Quer terminar?”
“Não viu a mensagem ou ignorou?”
“Quer sair lá pela quinta ou você cansou?”
“Sempre olho o telefone, mas ‘cê nunca mais ligou…

E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô

E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô
E já são mais cem pessoas que vem lá do metrô