Pedro Abrunhosa
Dealer e Dilema
[Verso 1]
Tenho um quadrado de cimento em que me deito
Não há lugar para um futuro tão estreito
Sigo o asfalto, lá do alto do meu prédio
Tenho pr'a mim que a tentação não tem remédio
E se me mato, se me trato em directo
Abro o jornal, qualquer canal, sou predilecto
E na TV, no DVD, fazem-me estrela
Ontem ninguém, hoje, quem sabe, uma novela
[Verso 2]
Tanto barulho, tanto engulho no deserto
Está aqui escrito que este plano bate certo
Mato o juíz, mato a perdiz, mato o sobreiro
Com um só tiro, mas um tiro bem certeiro
Diz quanto custa à minha custa o teu perdão
Um carro novo com motor de foguetão
Uma vivenda, uma merenda a vida inteira
Fazer Domingo de Segunda a Sexta-feira
[Pré-Refrão]
Eu não sei onde é a saída
Se é no beco ou na avenida
Ai, País, País é um problema, vive
[Refrão]
Entre o dealer e o dilema
Entre a sesta e o sistema
Entre o dealer e o dilema
Entre a sesta e o sistema