[Verso 1: Hide]
Um terço, uma oração
Axé para os irmãos
Uma noite uma missão que a mim foi relegada
Não tenho fita dada e tudo no meu nome
País da fome no fundo de uma cela pensa um homem
E a minha cela e minha mente
Seguir daqui pra frente
O que vou fazer?
Como vou fazer?
Pesar e sofrer...
Se devo viver...
E permanece a dúvida ao inflar da culpa
A mente é algo foda então domine a sua
Pois a minha já era a vida me fez réu
E só procuro meu espaço debaixo desse céu
Mesmo não sendo fiel se pra doer que doa
(Pera aí como assim atrasar outra pessoa?)
É isso mesmo
Aqui não to a esmo
Bora corta essas asas senão a mente voa
Bora pra rua cidade cinza loka e crua
Cheiro de cocaína sob a luz da lua
Botecos sujos néon de motel barato
O ser humano que é sujo não se compare aos ratos
Mais voltando aos fatos observar e enquadra
Mais sei lá ta esquisito a algo estranho ar
(Para de viajar e observa melhor)
E isso mesmo mano eu vou tomar sem dó
Vejo uma mina passa e nem dei atenção
Mais na seqüência vejo um mano vindo ali boladão
Ta com o iPhone na mão e de bermuda azul
Clareou oh senhor agora é estouro na sul
Alguns metros a frente e não vou fraquejar
No bolso esquerdo tem dinheiro ele acabou de guardar
Já deu pra imaginar? Eu vou fazer a boa
E devolvo suas asas vai lá mente voa
[Verso 2: Gigante]
E é hoje, alguma ligações e o combinado
É só mais um role e não tem como dar errado
Apanho alguns trocados e o celular no bolso
Um calafrio estranho toma conta do meu corpo
Como um pressentimento querendo me falar
(Hoje não é seu dia, é melhor você ficar)
Mas não, não tem como ficar já to disposto
Não tem como dar brecha, eu vou trombar aquele broto
E ela já até mandou aquela foto do decote
Não é por nada não, mas hoje é o dia mulecote
Encosto no boteco, já peço uma Maria
E agora assim a noite não tem como ficar fria
Cachaça e confiança é quase a química perfeita
Mas se errar na dose a situação fica estreita
Caminho até o ponto em busca de transporte
Quase onze da noite, hoje só rola se eu der sorte
Depois de meia hora resolvo canelar
Se eu tivesse ido antes eu já estava pra chegar
Meu telefone toca, é a gata me cobrando
Disse que está na festa e o nosso som já está rolando
(Calma meu amor, vai preparando aquele drink
Antes do fim do copo eu vou chegar no apetite)
Desligo o telefone e continuo meu caminho
Mesmo andando com Deus na madrugada eu estou sozinho
E da ponte pra cá todo mundo ta ligado
Assalto e polícia pra forjar aqui é mato
Na rua mais sombria falta iluminação
Escuto algumas vozes em teor de discussão
Que porra é essa truta?? O que está acontecendo??
Pensei que eu estava só, mas não é o que eu to vendo
[Verso 3: Akanni]
Cada vida uma historia, e cada personagem um universo em crise
Drama, gana, trama triste
No vai e vem pessoas do bem, pessoas do mal
Disputam espaço de uma forma natural
Sonhos, ideal, sangue, suor e sorte, uma reza forte mesmo sem ter religião
Manter os pés no chão pra que um vento forte não te tire da direção
Presta atenção cidadão comum!
Componho o enredo, fecho o caderno, depois termino esse texto que hoje ainda tenho que ir pra lida
Cheguei não descansei, tenho que ir buscar minha filha
Um jeito de manter-me presente
E ela chega, com um tempo eu saio sucessivamente
Acelero o passo torto, mas não caio na ladeira abaixo
Com meu jeito ágil em um curto espaço chego a tempo vejo
O que me faz seguir independente do momento
Volto sem presa pra casa, o tempo passa
Resolvo ir cumprir minha jornada
Firme mas atrasado mais do que o normal
Pressentimento mau não paga as contas
Atenção redobrada onde os olhos não alcançam e nem cachorro arrisca
Rua vazia escura, bandido e policia a quem temer?
Aumento o volume do fone pra me proteger
E sigo em frente, mantenho a atenção, por que na mesma rua na minha direção um vem
Não sei quem é quem tomo um susto ao ver que do meu lado já tem alguém
Que como surgiu passou em passos longos
Em fração de segundo abordado pelo cara que vinha na minha direção
O sangue pulsa acelera o coração sobe a adrenalina
Só penso rápido e desvio o caminho na esquina