Ian (ROU)
Cordel Marginal 1
Parte 1 (prod. Zaia Beats)

[Verso 1: Paulista Gus]
Um brinde a essa track, chapadão de rap
Trabalhando duro pra ter um baú de cache
Lobo do Agreste, só cabra da peste
Pique Lampião em pleno 2017
Universo em expansão, desse jogo eu sou fruto
Vários correm pra trás só pra poder pegar impulso
Ta contando vitória, só porque ganhou amistoso
Mas não importa, essa porra ainda não é o grande jogo
Viemos roubar a cena estilo Ayrton Senna
Mesmo ganhando o Oscar ainda vamos tá na cena
To pique Okado, me jogaram aos lobos, voltei liderando a alcateia
E os que duvidaram me aplaudiram na plateia
Nós não sabe brincar, nós só joga na vera
Matar leão é pouco, vim tocar a desgraça na selva de pedra
E se for ao contrário, pra selva de pedra eu sou leão de aço
Caralho, nesse tal Rap Game eu sigo bem chato
Brigada Hip Hop; obrigado hip hop
Como dizia o DJ MAS, aqui é levado a sério a cultura hip hop
Aos poucos vou matando o sistema falido
Se hoje é dia da caça, pode me chamar de criminoso lírico

[Ponte: NL]
Hey, chapa
2017, sem diploma raivoso
Hey, hey, chapa
Hey, chapa quente

[Verso 2: NL]
Esse mundo só gira, mano
E é numa dessa que tu fica tonto
Investindo no tempo
Tu pensa que a vida é fácil a esse ponto? Não!
Eu sigo sem diploma
Honro no peito o meu sobrenome
Essa aqui vai ser pelo meu pai que se foi
Mas sou eu que carrego seu nome
Produzindo no quarto, acordado
Entre quatro paredes, caneta com fogo
Psicografo matando demônios
Cortando cabeças, queimando seus corpos
Falo de se livrar
De poder caminhar sem algemas diante de todos
Poder ser eu mesmo, até mesmo falhar
Perceberem que erros são parte do jogo
Essa vida é um teste, mano
Ver minha coroa falando que não vai ter jeito
Que isso que eu tô fazendo é uma fase
E depois de amanhã ainda vou tá sem dinheiro
Tudo bem, eu entendo e respeito
Eu aceito, compreendo e então agradeço, mãe
Vou fazer isso por mim, pra salvar minha alma
Tudo tem um preço
[Verso 3: Felipe Leal]
Quantos olharam as cercas?
E seguem seu caminho às cegas?
Bares e falsos olhares não fecham
E a minha dor tem pressa
Olhando o fim e o começo
Tipo atravessando a rua
Nada estranho, tudo reconheço
Colisões sem que eu interrompa
Tô fugindo dos dias
Línguas apontam
Me abrigo nas linhas
Balas não me alcançam
Do meu mundo abstrato, tirem seus extratos
Recebe teu néctar ou só teu estrago
Escrevo pra quem pensa além dos nossos tragos
Algo eu te trago, mas sempre te trago
Não me impede a cerca
E nem as parcelas
Ando sempre acerca
E mil vão pras celas
Liricamente apanham
Esse é o gosto da selva
Esse é o gosto da selva

[Verso 4: Schnneider]
As crianças do meu bairro meu bairro vendem droga
Vejo a frieza estampada em sua face
E foi na mesma busca por mulheres e joias
Que não tiveram um pai que o abraçasse
Mais uma vez eu falando aqui sozinho
É que os pensamentos se elevaram
12 horas no Centro e eu aqui tão frio
Celulares nas mãos e eu nem fui notado
Às vezes tenho crise de esquizofrenia
O pastor da sua igreja curte pedofilia
Se torna tão "normal" quanto zoofilia
Seu filho não fez o trabalho de sociologia
Porque tava filmando um estupro coletivo
Que a indústria pornográfica da o incentivo
Ao que eles chamariam de orgia
(Tá tudo errado, porra!)
Parte 2 (prod. Paulista Gus)

[Verso 1: Ian Chiappetta]
O pensamento é como o vento
Que me lembra tantas paisagens
A vida me ensinou com o tempo
A me esquivar dessas miragens
Pois bem
Essas miragens
Só são viagens
Não se abalem
Eu me esquivo
Equivocado
Se acha que
Perdi meu caminho
Eu não desvio
Vou passo a passo
Com a minha família
Rumo ao destino
Sei caminhar
Com os dois pés no chão
Mas não vou deixar
Que o mundo me tire a imaginação
Porque não dá, não dá, não dá, não dá, não dá, não dá
Pra viver num mundo onde só me calha calar
Não dá, não dá, não dá, não dá, não dá, não dá
Viver vendo que a vida não vai vingar
Não dá, não dá, não dá, não dá, não dá, não dá
Pra viver num mundo onde só me calha calar
Não dá, não dá, não dá, não dá, não dá, não dá
Viver vendo que a vida não vai vingar

[Verso 2: Zaca de Chagas]
Um gole dessa vida amarga
É tudo que eu tenho pra dar
É o que eu tenho pra te oferecer
É tudo que você não quer degustar
É o sangue que escorre do oitão que te cospe
Do pivete que assombra com a mão no revolver
Que não sabe pra onde ir de tanto sacode
Que não sabe onde se esconder, eu só peço que seja forte
Que não enlouqueça com tudo que veja
Que não se contamine nos vícios de sexta-cheira
Que os Deuses te guiem, como a minha cabeça
Que de vez em quando ainda bate as doideira
E é da vida? Não, é da minha vida
É uma trilha nova? Não, essa porra é uma trilha antiga
Que não mude de papo
Porque não mudo de vida
Mesmo se eu mudasse, meu chapa, segui essa trilha
E não mude de ideias
E quem não sabe também
Quem te aponta o dedo precisa de ajuda que nem
Faz vista grossa
Não vale uma prosa
Aqui na quebra, comparsa não passa de uma prova
Estudou pra caralho pra ficar isolado, porra?!
Só cocada de sal, carai
Pra ficar limitado, caralho?!

[Verso 3: PRK]
E é que o sono não bate e rebate o que tu diz
Orgulhar de bater no peito, do jeito que o gueto quis
O único aviso era: "Faça bem feito." Fiz!
Foda-se teus contos de fada, meu Jesus é preto bis
Clássico, Beatles e Kiss, fui infeliz ontem sem grana
No corre de fazer meu nome, não enxergam onde tem drama
Explana que, fim de rolê, achei dez conto premiado
Mas era um fino de kunk ou uma dola de pren miado
Agresteside semiárido
Frio igual Buenos Aires
Nossos pais também nos odeiam
Foda-se, seremos Áries
Tão perto de todos os males
Vejam, no mangue tem sangue
Tipo Sang no bang
Sou flow Liu Kang ouvindo Wu-Tang
Desvendando os sete mares
Nadando em rios de sangue
Tipo Sang no bang
Flow Liu Kang ouvindo Wu-Tang
Ouvindo Wu-Tang, ouvindo Wu-Tang
Meu rap é suco de fruta
Se fodeu quem nasceu Tang

[Verso 4: Moral]
O mundo é um moinho, então triturei ervas
Dilatei as pupilas, livrei-me da névoa
Nessa rua tranquila e densa como a selva
Onde matei quizilas pra domar minhas feras
Lembro a um tempo atrás enquanto fumava uns
Viajei bem mais que de Recife a Garanhuns
Pensei nos reais, e se me faltar algum?
Vou ser mais sagaz, mas nunca 1-7-1
Então faço rimas como Tyson mordendo sua orelha
Fiz nessas esquinas o que maçons faziam nas igrejas
Nêgo diz que a rima não é prazer no mar que se veleja
Minha disciplina não é pra ser o que tu mais deseja
E secando a cerveja saco que meu santo não tem sede
Sentado na mesa, salto e solto socos na parede
Isso não é tristeza, é só um treino pra trombar
Aquele traste que trouxe essa track tosca pra tocar mais vezes
Eu sou Chave Mestra mesmo estando sem diploma
Vou tatuar na testa "vacilão eu deixo em coma"
Pra acabar com a festa dos que só querem carona
Sou da Zona Norte, mas meu norte não é uma zona