Verde, verde milho
Sol na cara, pica o vento
Terra de sarilho, meu sustento
Ando a celebrar na tapada do moinho
A oferecer a melodia ao passarinho
Verde verde milho milho verde
Empilhado no chão
Quando o milho é novo cedo cede
À menor tentação
Não, eu não menti
Só vi Judas num cometa
Caro amigo, não me comprometa
Cinco reis de fio
Atilhado num novelo
É vê-lo a si
Sim, sarar-me o cotovelo
Verde verde milho milho verde
De cana real
Moça metida a metediça raramente é leal
Verde, verde milho, milho verde
No carro dos bois
A lebre anda a monte escondida
Aparece depois
Ando a mando
Cada santo dia eu vou levando
Eu corro, corro
Só não ando nem desando
Estrela corre, corre
Corre numa carreirinha
Aninha mais um segredo em boca minha
Verde verde milho milho verde
Clonado a vapor
O gato tem preguiça
O vampiro tem perícia de actor
Verde verde milho milho verde
Deitado num manto
Era o nosso milho
Agora é milho Monsanto
Leva vida cheia sem querer nada
Regressa assim completo aonde estava
Onde é que dão do veneno
O tal da pica instantânea
Certo, meu barão
Dê licença pra queimar, por favor
Um burro velho não cala um burro sério
Três convidados, qual será o maior estupor
Dar e dar, dar e dar e dar
Dar e receber
Dar bem embrulhado em mentira
Dar, dar e dar e dar
Dar e obedecer
Dar com a mesma mão com que tira
Amo ao servo
Radiante escravo
Sempre a alhear-se da sentença
A dar e a dar e a dar e a dar e a dar
Verde verde milho milho verde verde milho verde
Verde verde milho milho verde verde milho verde
Verde verde milho milho verde verde milho verde
Verde verde milho milho verde verde milho verde