Diabo na Cruz
Fronteira
As flores pelo chão
Pisadas desde o baile
O vento frio
Só mulheres de xaile
Tudo me contaram
Quando eu dei aos ares de Espanha
Uns desceram para sul
Eu fiquei a ver Idanha

Ai de mim, não faço nem ideia
Prometi partir na lua cheia
Páro p'ra um bagaço na estação
Nos olhos de um beirão
Vejo a fera da fronteira

Ir p'ra Angola
Pode mesmo ser a salvação
Ou São Paulo
Receber calor de um povo irmão
Ir abastecer-me onde há quem dance

Promessas de Verão
Os marinhões as quebram
Praia fora vão
Se águas-más lhes pegam
Não posso mais esperar
Que a terra se alevante
Ser firme a procurar
Quero ir para diante

Ai de mim se tudo é ao contrário
Tenho de ir cumprir nosso fadário
Acabo de engolir num repelão
Pergunta o bom beirão
Se isto era necessário

Ir embora pode mesmo ser a solução
Ver trabalho, brio, recompensa pela aflição
Mas se isto não mudar eu não descanso

E se eu for
Quem te espera, Mariana?
Vais dormir nas guardas quentes de que cama?
Se eu for
Quem vê paz na tua estampa?
P'ra onde irás se eu só voltar p'ra pôr cá a minha campa?
Ai de mim, não faço nem ideia
Prometi partir na lua cheia
Páro p'ra um bagaço na estação
Nos olhos de um beirão
Vejo a fera da fronteira