[Verso 1: Eloy Polemico]
Faz tempo que eu não sinto o chão nos pés
Se pá já fez dez anos que eu tô nesse circulo do invés
Tudo é um talvez, mano, jogo de xadrez
É a eterna batalha pra salvação dos reis
E eu me sinto meio mal, animal preso
E o peso das minhas questões
Não permite que eu saia dessa ileso
Ter que doar o que eu não tenho
Isso é mais que amor e todo ser faz parte do mesmo desenho
Acende a vela, que hoje eu tô sem luz
Todo dia é um Jesus na cruz
Plantação do medo traz a colheita do mal
E isso não é Stephen King, mas é cultural, tô ligado
Vou mostrar como se faz uma canoa sem pau nenhum
Sem dar o bumbum, sem sermão de homem comum
Às vezes, me sinto MacGyver
Vivendo um Walking Dead
E eu na bad, colidir com uns cadáveres
FOXP2 pra permitir esse som
Um vinho, uma bela dama que desconhece Louis Vuitton
Já fui garçom, vendedor, promotor, teleoperador
Já fui jogador, caçador, né
Comum no jogo com preço de carta rara
Livre, igual Pedro de Lara, a vida não para
O colete separa, se é guerra, tomara
Isso me lembra bem Sekigahara
[Refrão x4: Eloy Polemico]
Morfeu lhe desejou bom sonhos
Durma bem, durma bem, durma bem
[Verso 2: Surgem]
Água mole em pedra dura, tanto bate até que cria areia
E essa areia acabou de virar deserto
E eu, já esperto, já tentei ser tudo em minha vida
E, hoje, eu percebo que ainda não sou nada
Eu subo as escadas como se estivesse num quadro branco
Pintando, com versos, o fundo
Acumulo meus sonhos e pesadelos
Porque, neles, eu sou tudo o que eu quero ser
Sem precisar esconder minha dor
Eu mostro o que eu sou, mais um rapaz comum
Mas fora do comum, e o que é comum?
Dormir sem nem sonhar
E eu só preciso de um sonho e uma caneta
Mas sempre que eu durmo, eu acordo em
Slow-motion, emotion
Drop drugs, never grow up, fuck!
E esse tempo que não me deixa mais sorrir
Eu conjugando e conjurando novas linhas
E a cada linha, aumento minha percepção
E a cada ciclo, diminui minha razão
Eu colido no existir e como coexistir
Quando ninguém existe do seu lado?
Pra explicar, eu tô cansado
Então, eu deito e eu lembro que
Eu lembro que, eu lembro que
[Verso 3: Estranho]
Morfeu se sente estranho quando o Estranho cochila
Pois sou de carne e osso, não sou mais de argila
'Magina, me sinto bem quando acordo do outro lado
Na cama, deitado, sentindo aroma de camomila
Olho o fio prata que me prende, mas flutuo alto
Nem o meu medo de altura me toma de assalto
Minha pupila dilatada no meio da madrugada
Não pergunte como eu sei
Já que a pálpebra está fechada
Fachada, ideia rachada
Pra sair de tal neurose, resolvi dar uma olhada
Aquela andada noturna
Me cubram com cobertores
E não me coloquem em uma urna
Depois das cinco, eu levanto e me esqueço do show
Que bom seria se eu voltasse e esquecesse o sol
Vamos fazer aquele esquema, na moral
Eu te faço a ligação e você acende o farol
[Refrão x4: Eloy Polemico]
Morfeu lhe desejou bom sonhos
Durma bem, durma bem, durma bem
[Verso 4: Rômulo Boca]
No barro sagrado que é o ventre de minha mãe
O sêmen de meu pai
Homens são meros mortais e eu também, mas
Quem dera fosse, se a missão, aqui, rapaz
Fosse só mera, na quimera
Que é a city quando opera
'Pera! Dropa outro doce que melhora, antes fosse
Esse sono cronológico, que cega tudo, lógico
Novos profetas cantaram, mataram, sofreram, amaram
Escreveram e falaram
De Cayce a Huxley, Asimov e Marley
Pense: “nessa, não tô só”, Matrix delay
Ok, outra dose não faz mal
Me faz me sentir real, operandi digital, waterfall
Um velho, num sonho, déjà vu estranho, me disse assim:
"O mundo, enfim, deu asa às cobras, filho, creio eu que sim
Ó, lá, e já faz tempo, nesse tempo, que eu parei de respirar
Então acorda, que tudo é diferente da ponte pra cá, é
Então acorda, que tudo é diferente da ponte pra cá"