Phoenix RDC
Etelvina
[Letra de "Etelvina"]

[Intro: Sérgio Godinho]
Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o frio à noite, à noite, à noite, à noite

[Verso 1: Phoenix RDC]
No silêncio da noite, guerreiras dormem com a foice
Porque o pai nosso foi-se
Embora oiça súplicos, Jesus Cristo, a tua morte ainda hoje dói
Inferno na terra não mata, mas mói, mata mas mói
Quantas Etelvinas viraram capas da Playboy, boy?
A vida é p'a soldiers, quando te dão job, há blow
Não há mar de rosas, you know
A vida fez de ti uma hoe (Hoe, hoe, hoe, hoe)
Será que Deus existe ainda hoje? (No, no, no, no)

[Verso 2: Jimmy P]
No socorro duma oração, Deus nunca desce ao rés-do-chão
Sabes quantas Etelvinas são? Invisíveis para a multidão
Mulheres que a rua pariu, mulheres que o mundo não viu
Dormem sozinhas à noite, ao frio, à noite
Mulheres de coração vadio, hey
Trazem histórias de outras vidas
E são aqueles que tudo suportam
Procuram amor perdido em homens
Que apenas vêm e nunca voltam
É nessas essas esquinas e ruas, nesses becos e vielas
Que elas colhem tempestades, uh, porque essas ruas são delas

[Verso 3: Sara Correia]
Eu vim da estrada, da morada
Que nem Deus nem o Diabo desenhou
Fui eu quem fez o caminho escrito a sangue e a suor
Como que a derramar amor
E se tombar, eu sei, fiz o perdão e a lei
Com que caiu, e levanto
E tropeço no encanto de ser como sou
Se o diabo me amou, Deus me recriou

[Bridge: Sérgio Godinho]
Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o frio à noite, à noite, à noite, à noite
[Verso 4: Jimmy P]
E nessa estrada moram filhas, tantas mães abandonadas
A calçada chora vidas que estão para sempre hipotecadas
Quem as afaga? Se tudo aparenta ser tão pouco luzidio
E quem as salva? Quem as acalenta numa noite à beira-rio
Tanto preconceito que emana de todo
E qualquer um que por ali passa
E é quando Deus as rejeita
Que elas sabem que o Diabo as abraça
(Vivem com os demónios à noite, à noite, à noite
E dormem sozinhos à noite, à noite, à noite)

[Verso 5: Phoenix RDC]
Tu não pediste pra nascer, mas alguém te pariu
O azar te saiu da rifa a vida não te sorriu
Levaste uma vida com bué de sal e caril
E quem te subestima tem o crânio vazio
Vives um desafio, tua vida é um drill, e eu juro que já vi cá mil
E tu és a única real, graças ao skill, fizeste do pão de ontem macio
(Queen) Única palavra que o teu nome define
Quando se fala em guerreiras sem ti é um crime
A tua imagem imagino, fizeste o teu caminho
Comida na mesa para ti é um big dream (Hustle)
Tu és a humildade em pessoa vitória é o teu nickname
Quando a vida magoa, superas, sou fã do teu big brain
Vou dormir à beira-rio, à noite
À procura do confim, à noite
Vou dormir à beira-rio, à noite
À procura do confim, à noite