Um Barril de Rap
Certidão de Óbito
[Letra de "Certidão de Óbito" com Victor Xamã]
[Verso 1: Froid]
Era das vacas magras, dias de guerra
'Tô trancado a uma semana, vou descer pra fazer barra
Minha mente esfria queria pensar em nada
Hoje completa o oitavo dia sem fazer a barba
Vida bandida, vida vazia, vida sacana
Isso no mesmo muro que tinha "Jesus te ama"
Comprei quatro fichas pro fliperama
Pelo meu celular eu recebi um telegrama
Dizendo "Vai, negro," eu fui na mesma hora
Deixei as ficha ali com os moleque, só tinha noia
E eu trombei a artista, só fazedor de historia
Eu 'tava na hora H, no ponto G, no dia D, bebendo loira
De repente me senti mais alto do que deveria
Meu tempo é fração, meu coração sorveteria
O sample eu roubei do Ventania, autoral é meu pau
Eu sou um escritório de advocacia
Froid, 'cê tá ficando maluco demais
Ainda 'tô aqui dentro, ainda da tempo de voltar atrás
Você tá violento e alterado
Pra ter discernimento sobre o que você tá fazendo com nós
Logo eu indo fechar com a playboyzada
Eu quero a grana deles, eles querem ter a minha namorada
Eu pedi na moral, não pedi por favor
Não, não vou mais pedir, troca ideia com minha mão, plow
[Verso 2: Yank]
É o get glow, sujou, só tem wolf
Preciso de um taco de golf, um par de gloves
Eu quero vingar, porque que eu não posso? Oxe
O pai é nosso e o pão nosso dai-nos hoje
Eu faço prece ilhado no lago Ness
Jesus me ama porque não me conhece, eu causo stress
E faço questionamentos desde pequeno
Eu não compreendo o pecado e não entendo mandamentos
Blasfêmia não existe, foi o homem que inventou o delta
Eu me alimento bem sem sua dieta de merda
Os péla cagueta, minha mãe ficou triste
Desculpa a censura, nessa música, a bola é de alpiste
Não é hit, é o uivo de um cordeiro
Que se fingiu de morto pra ficar sozinho com o coveiro
E matou quem 'tava lhe matando em partes, esperando meu xeque-mate
Vagabundagem até que a morte nos contrate
[Verso 3: Sampa]
Ahn, nego, senta o dedo e foda-se
Pensa em dar fuga pela UnB
A bura tá no Clio, tamo de XT
Pega o meio fio lá na curva do ICC
Tu quer aquela grana e não vai negar
Ele quer a tua dama sem nem disfarçar
Esquece a consciência, lembra da cobrança
Investe na vingança e não pensa na sentença
Tu já fez de tudo, passou por quantos trampos
Me diz qual desses trampos tem planos pro futuro
O império de Al Capone, a vida de Escobar
O colar de diamantes que tu não pode pagar
[Verso 4: Victor Xamã]
Os meus deuses jogam dados
A felicidade se escondeu no criado mudo do quarto
Opiniões alheias são rápidos dardos
Que acertam o alvo eu ando meio preocupado. Não!
Perambulo por livros de sebo
Hoje o céu desabou muito cedo
Me protejo da chuva no toldo do bar mais antigo
Eu converso com o medo
O espirito idoso naufraga em um copo vidro preso em um corpo abatido
As 30 moedas de prata onde a fé se uniu com o ouro bandido
Os desejos terrenos me servem de ancoradouro trabalhando como um mouro
Os sonhos são tijolos aos meus 20 estou erguendo meu primeiro muro
Trabalhando duro asseguro que o meu futuro é um tiro dado no escuro
Por um forasteiro sem rumo
Ao destino me curvo e vivo o sopro de vida mais curto
Eu tive um sonho em que as ruas do meu bairro
Eram um reflexo com poucos detalhes do mundo
Eu tive um sonho em que os meus versos criavam vida
E perambulavam vagarosamente pelo mundo
Perambulo por livros de sebo
Hoje o céu desabou muito cedo
Perambulo por livros de sebo
Hoje o céu desabou muito cedo
[Saída: Ventania]
Quantas noites sem dormir olhando da minha janela