Victor Xamã
Vidas e Vindas
[Verso 1: Buneco]
O rap é o meu mundo e o mundo filho é uma escola
E a cada letra que eu escrevo é uma lição de vida
Busquei outras saídas, bro, só encontrei mais portas
Saí da minha comporta com uma passagem só de ida
Peguei os meus calçados, fui buscar outras calçadas
E aprendi falar uma língua que se chama poesia
Remei com minhas canelas, naveguei com minha galera
Atravessei “os sete bares” tô curtindo a maresia
Joguei minhas únicas moedas
Na fonte de todos meus desejos
Não nasci para obedecer regras
E nem leis que são feitas por leigos
Dividiram nossa consciência
Mas somos um só elemento
Coração de barro, com fogo no olhar
Eu tenho a cor da água e o peso do vento
[Refrão]
Vou sem portar uma AK
Carona em um Ford Ka
Tem quem só poste K
Felicidade tá
Bebendo vodka
Veneno é a lógica
Tem que ser forte pra
Verdade suportar
Vou sem portar uma AK
Carona em um Ford Ka
Tem quem só poste K
Felicidade tá
Bebendo vodka
Veneno é a lógica
Tem que ser forte pra
Verdade suportar
[Verso 2: Victor Xamã]
Me apeguei demais
Aos sentimentos mais mundanos dessa rápida viagem
Passagem curta que conflita
Com meus longos planos pela metade
Tudo é perspectiva
Fiz o entardecer na folha em branco com a tinta acrílica
A estrada reta bifurca e nessas perigosas curvas hei de me encontrar
Coleciono na bagagem, porém, chances de me ausentar
Vida secular na minha visão mais singular
Não havendo amor nas escolhas, o tempo vai te sufocar
Sonho ver a felicidade sem filtro
Dedos no vermelho filtro
Nos entrelaçaremos como fios de alta tensão, sinto
Atrasaram tanto nosso encontro, não minto
Meu medo é quando você estiver vindo, eu estar indo e tudo ter sido só isso
[Verso 3: Gigante]
Eu naveguei num mar de lágrimas
Meu ódio me fez andar sobre as águas num mar de magma
Já me afoguei em doses de soluções ácidas
Não dei ouvido a vozes com afirmações de máximas
Não voltarei das cinzas por me cremarem
Se não enterrarem mais corpos, deixem os corvos se alimentarem
Lendo o livro dos mortos
Pra quando eu morrer ver o livro da vida
Isso é budismo do Tibet com a Santa Sé suicida
Um pouco dos dois, cada um à sua maneira
Certo e errado ao mesmo tempo
Porque o próprio tempo é noção passageira
Ação rotineira, nos tornamos seres ausentes
Frequentamos espaços vazios
Pra que essa frequência se torne frequente
[Refrão]
Vou sem portar uma AK
Carona em um Ford Ka
Tem quem só poste K
Felicidade tá
Bebendo vodka
Veneno é a lógica
Tem que ser forte pra
Verdade suportar
Vou sem portar uma AK
Carona em um Ford Ka
Tem quem só poste K
Felicidade tá
Bebendo vodka
Veneno é a lógica
Tem que ser forte pra
Verdade suportar
[Interlúdio]
Qual é a finalidade da vida?
Seja eu bondoso ou malévolo, partirei do mesmo modo
Se parto, vou pra algum lugar ou fico?
Se fico, em quem fico?
Essas questões movem a arte, a filosofia, a ciência e a religião
[Verso 4: EKO]
Das profundezas do vulcão mais ativo desse planeta
Surge o MC que faz da caneta a Beretta
Com o beat eu faço amor, Canguru Perneta, êta
Nem o Luo imaginou a treta
Eu já chorei pelos meus poros
Depois sangrei pelos meus olhos
Colei com Um Barril de Rap
Agora eu quero um de petróleo
Só falsidade onde eu olho
Não me misturo, é água e óleo
Eu tenho o necessário pra fazer cada otário perder a cabeça igual Pretorius
Pelo sofrimento de nossos avós travamos
Uma batalha não prevista pelo Nostradamus
E com a voz tratamos só dos assuntos relevantes
Sei que ficará pra sempre o que nós gravamos