[Refrão: Sitah Faya]
E já não venho verde
Vim viver a vida
Daqui eu posso ver-te
Mas não há garantia
E já não venho verde
Eu vim viver a vida
Daqui eu posso ver-te
Mas não há garantia
(Não há garantia)
E já não venho verde
Não há garantia
[Verso 1: Sitah Faya]
E vim parar aqui
Existe dentro este jardim
Eu vou regá-lo em mim
E fazê-lo florir
Com as cabeças que isto dá
Nós vamos todos rir
Não sei cuidar de ti
Tudo isso exige muito esforço
E eu não sei ser assim
Eu sinto muito
Mas tropeço no meu próprio pé
E caio sobre mim
Lacaio este ser
Eu fico
Onde fizer sentido
E tenho dentro
Um zumbido
Que se camufla
No ruído — não se faz sozinho
Segura-te ao meu umbigo
No fundo quero ser livre
Mas ficar contigo
Estou indo e ficando
Naquilo que ainda preciso
E consigo
Se consigo e tu consegues é contínuo
Ou então segue e vai à vida
Ou vai ouvindo
Eu vou ávida
Pois permito-me
Ser igual quando me dispo
Não tenho visto tudo igual
Eu intercalo e volto àquele teu sinal
Do passado
Afinal não há intervalo
E o final passa-me ao lado
Eu vou passar-me da cabeça
Antes que isto me enlouqueça
Ou que me esqueça
E isto me passe...
Eu vou passar-me da cabeça
Antes que isto me arrefeça
Ou que me trace
[Bridge: Sitah Faya]
E já não venho verde
Vim viver a vida
Daqui eu posso ver-te
Mas não há garantia
(Não há garantia)
Mas não há garantia
[Verso 2: Buda XL]
Não escolhemos
Mas aqui estamos
Por entre extremos
Que ao fugirmos nos desviamos
E todo esse peso de sermos
O que carregamos
Sem medo do que temos
Nem mais do que damos!
Na imagem do sprint
Que a vista desfoca ao longe
Vive o hoje
Nos limites
Que só avistava ontem
E eu não sei
Se casa é onde paro
Ou onde as paredes me ouvem
Na nuvem
Guardo este acaso
Caso me encontrem;
Vi na dúvida um motivo
Para avançar
Um emotivo
Convite para dançar
Uma súplica pelo último
Pingo do meu azar
Diluído
Mas the real thing
Fez-me evitar;
Olha aqui neste poema
Eu ‘tou a girar planetas!
Na cauda de um cometa
Quando pego nas canetas
A subida que assumi
É sabido que a levo à letra
E o ensino que eu segui
Não foi do símbolo e da paleta!
Sista, eu sei que te lembras
E que as fendas do passado
Ganham um novo significado
Quando o presente as rebenta
Sem vacilo!
Somos aquilo de que a gera de ouro
É geradora
Construídos numa era
Em que a força era destruidora
Eu vim viver a vida
Vindima até à última vinha
Quem disse que eu não vinha?
Nem escombro nem detrito
Nem recobro nem detido
De todo comprometido
Esta é a garantia;
E nó(s) medimos o heartbeat
Na rima
Arte é um sabre que esgrima
A parte que se abre na escrita
E não há lombas que afrontem
Se a força passa por cima
Nem farsas que façam favores
Não disfarçam a pantomima
E da mina
Extraio substância
Na distância que nos domina
Na convergência da ânsia
E da aparência que a contamina;
Eu encontro a minha com a família
E com a vigília
De quem caminha
Sem represálias por um novo dia!
[Bridge: Sitah Faya]
E já não venho verde
(não há garantia)
[Verso 3: Sir Scratch]
Não há garantias
No calão diz que "tem dias..."
No talão
Diz que o cifrão
É o que conta e eu dividi-as
As dívidas em partes
E dúvidas à parte
Fui sempre mais Tomé do que Golias
E tou farto
Não quero ser levado
Nem sentir-me
Intimidado
E jamais dar o legado
A quem me sinto
Desligado
Tenho vocação pra rotação
Em torno do meu mundo
Pra controlar o meu tempo
E tar atento ao lume
Da chama que me chama
Tou no forno, já apito
E quando eu tiver pronto
Que eu tenha o mesmo apetite
Enquanto houver fôlego
Eu vou a fundo
Porque não há sono
E o sonho que era já não é sonho nenhum
[Outro: Dino D’Santiago]
Já não é sonho nenhum