Ramiro Mart
A Saga
[Verso]
Ele tinha vida problemática e crises
Perder pai e mão sacudiram suas raízes
Sempre acompanhado de amigos pra baladas
Companhia pra geladas, mas nenhuma delas tava no deslize
Alimentar narizes virou
A fonte para alimentar o filho e as contas que o pai deixou
Sua vida em declive era show
Mas sumiram os atores e atrizes quando ele rodou
No banquinho de cimento em frente o salão da bete
Da mesma forma que ficava quando era pivete
Sentado sem camisa, de bermuda e havaiana
No bolso 3 pinos, 2 dola e uma bagana
Esperando a grana, daquele moleque que comprou fiado na outra semana
Passou o carro dos cana
E como sempre nem se preocupou, porque o PM é conhecido e filho da dona Ana
Mas dessa vez ele não viu, que o carro que se aproximava era da policia civil
Na barriga sentiu um frio pois lembrou que bateu um fio pro Pedrin da Av. Brasil
Dizendo que ia descer na passarela 10, ao invés de pegar um trem sentido Cordovil
Só pra compra uns 5 pó de 10, pra fazer um din no bar do Venâncio que hoje é jogo do Brasil
Mas dependência aqui te faz refém, e a incoerência de não ouvir quem te quer bem
E faro compulsivo fez despertar, a coragem de um superman
Já tava certo que ia lucrar, pra pagar o Toninho Pedreiro e as fraldas do neném
Só não pensou que se o moio azedar, esse plano perfeito não sai tão bem
E o cana apaisana com o cano na cintura, ia dar mais que dura na fissura de prender alguém
De bater em alguém
Mas o figura encarou nos olhos e viu muito mais além
E todas horas de escuta dessa investigação
Mensagens e ligações pra firmar acusação
Escolhas da vida adulta querer ser proteção
E mandar mais um bandido pra prisão

Eu sei que a lei é falha então não quero provar dela
Nem lutar por ela, não me enganei
São vários prisioneiros tentando burlar ela
Outros defender ela e quem ganha é o Rei
Somos nós a justiça não é o batalhão nem favela
E essa guerra eu não travei
Na hora de assumir a bronca do que escolheu pra si
Não tem como resistir, renda-se ou prenda-se

E essa história me faz lembrar
Do papo que eu ouvia na sala de estar
Na hora do almoço ou jantar, tava lá na TV violência sem parar
Ainda bem que eu pude despertar
E aprendi respeitar, mas sem deixar de peitar
E a oportunidade tá na nossa mão de mudar
A mentalidade dessa geração que há de chegar