[Verso 1]
Vim do chocar de espadas
Eu vim a rebolar por essas escadas que nunca vi
Desenterrar esmeraldas da carne é um milagre q'eu pagava
Para ver com a minha consciência vendada
Por aí ando, zig-zago, lambo espinhos
Pacto de sangue com quem se caça gambuzinos pelo efémero
O meu género é dum cego que segue cegos
Cujos outros cegos seguem
Aos sábios peço silêncio
E aos que têm pregos, preguem!
(Eles) erguem e fervem águas paradas
Num equador emo(cional)
Vim p'a dar a conhecer a fome ao público devorador de feno
(mentecapta)
Gente apta p'abrir covas com as unhas
E eu a desenterrar quem lacta e abre os olhos às fagulhas
São pulhas e pulhas
Filho, tu não me orgulhas
E garanto-te que tu não singras
Como seringas sem agulhas p'a vacinas
Tipo c'a resposta 'tá no sangue que vasculhas em chacinas
E convencem-me que sou salvo pelas patrulhas assassinas
Se assinas, pico um pouco e morro um pouco
Pelas narinas, dou-me às rimas
Achas as minhas linhas dope mas não me animas
São alavancas depressivas
Chapadas sem mãos, mãos sem polegares
É bom reformulares se alegares que brilhas
Podemos-nos cruzar por lugares que trilhas
Sem cavilhas, pronto a explodir em áreas
Vim p'a dar as luzes às cobaias, que são várias
Do tipo, "eu sei que caí mas calma aí, cuidado, tu não caias!"
[Refrão]
Se alguma escrever música para entreter
É porque eu perdi a urgência pela razão e penitência
Mas se a razão de viver é dissecar a existência
Eu vou questionar ao mergulhar no fundo do meu Ser
E eu vou ser...
[Bridge]
Um explorador honesto
Numa de poder crescer
E dar o meu valor ao resto
Ganho quando souber perder
Perco quando souber ver
O teu brilho a incandescer
Pelo q'o Teu esplendor oferece
[Verso 2]
Vejo muitos convencidos, cheios de certezas
Com tampões nos ouvidos, mergulhos de cabeça
Mas dão chapões nos olimpos, ferros da marquesa ao vivo
É coma de Roma
Sintoma é tu nunca os teres ouvido
Oh amigo, mas qual pátria?
Sou pó da Via Láctea
E a importância que eu coloco em mim é falsa como a Máfia
Queres brotar na árida corrida de concreto?
Venerar a máquina e tornar a Arrábida um deserto?
Isto é interno
Metáfora é a linguagem de quem não sabe
Descrever um milagre, e que devaneia por completo
(Tu devias ser directo!)
Eu devia ser directo? (Ok.)
Por mim tinha a postura de quem acorda cedo, erecto
P’a rasgar a costura do fato que não serve e visto
Com orgulho e a vergonha deste sentimento misto
Aqui não se ouve um louco, quem é são é outro
Coração é oco mas prefiro assim do que cheio de lixo
Às vezes sinto-me um barco ocupado e moribundo
Sem serenidade, assumo
E se tiver um furo, afundo
É triste
Mas mudava, eu juro que mudava
Se não tivesse viciado ao ver o meu reflexo na lâmina
Um dia derreto o perverso alicerce com nexo de quântica
Enquanto tentas clonar ou violar a orgânica
Pesquiso intimamente, cada átomo, cada plâncton
Vou ao fundo da questão, submerso como Atlântida
Deixo-te o aviso
Cerco e honro o microfone para combater o ego do teu cargo
Eu vim domar o verbo
Não p'a terminar com "ar"
Mas p'a ficar para sempre sem oxigénio no meu quarto
[Refrão]
Se alguma escrever música para entreter
É porque eu perdi a urgência pela razão e penitência
Mas se a razão de viver é dissecar a existência
Eu vou questionar ao mergulhar no fundo do meu Ser
E eu vou ser...
[Bridge]
Tudo aquilo que tiver de ser
E eu vou ser...
O que tiver de ser
Aceito o fardo
E eu vou ser...
Tudo aquilo que eu tiver de ser
Sem me arrepender de nunca dizer um obrigado
Hoje sou...
Um explorador honesto
Numa de poder crescer
E dar o meu valor ao resto
Ganho quando souber perder
Perco quando souber ver
O Teu brilho a incandescer
Pelo q'o Teu esplendor oferece
[Outro]
E obrigado (e obrigado)
E obrigado (e obrigado)
E obrigado por um dia me teres escutado, a sério
E obrigado (obrigado)
Obrigado (obrigado)
Obrigado pelo amor incondicional sem teres julgado o néscio
"A Besta"