[Verso: Lodo]
Acorda depressa
Com um barril de café
Para quê franzir a testa?
Quando tudo o que tem de ser, é
Quando tudo o que tem de ser, é
Para quê tanta pressa?
Numa almofada densa
A cabeça dispersa
E fala nublado
- talvez em persa -
Para que me aguente em pé
Para que me aguente em pé
Não sei se é água ou tabaco
Sinto-me fraco
Fracturado em mil pedaços
Em dois mil cento e troca o passo
Ligado a um cabo
Para estar nesta realidade
Para estar nesta rеalidade
Eu não estou farto de mim
Espеra, espera
Eu não sei de metade de mim
Esfera, esfera
Eu não estou farto de mim
Espera, espera
Eu não sei de metade de mim
Esfera, esfera
Até podia escalar os pirinéus
Mas esse não seria...
Eu seria sempre alguém
Que se acomoda
Olhos de vidro
Num romance com a consola
Circo triste que se alicerça numa cómoda
Como uma sombra que teme todas as salas em que entra
Apresento-me, colado a um canto
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
A esperança ainda é mais exasperante
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
Esperando que o meu pranto seja em Esperanto
A esperança ainda é mais exasperante