NERVE (PT)
Diz
Esta é só o que é
Trago esta faixa à praça, não para avaliação pelas massas
Não tenciono lucrar um cêntimo com isto nem apresentar ao vivo
É só a minha última e talvez inútil ferramenta

Por favor tenta dar-me um desconto

Esquece a farsa que se idolatra. Sou eu, o teu homem-falha
Desprovido de qualquer orgulho ou glória passada, quem te fala
Escrevo-te com o coração na mão esquerda, na direita a caneta, e sem esperança
Perdoa-me se esta canção te cansa

Gostava de ser melhor com esta coisa de escolher palavras sob pressão por mim criada
Por forma a não precisar de me apoiar em tantas
Em desespero, revelo garganta em transparência
Num não exercício exibicionista de métrica ou (de) cadência. Só urgência

Frágil Tágide, peço-te, aquece-me em águas compassivas
Antes que nos aconteça a vida e as lágrimas sequem
Odiamos, toleramos e gostamos em boa parte do mesmo, grita-me a prática
Então cábula ou táctica escusa-se, devia ser (um) matemática simples (mais um)

Dá-nos a paz de largar de vez as pedras em tréguas e ser espertos para matar a quimera em conversa, lançar os dados pela janela
E cancelar as regras deste interminável e cruel jogo de poder
De te querer quando tu não ou já não quando tu sim, e vice-versa. (Cansado.)
Promessa: eu faço uma cena. Eu não tenho coragem para o corte
Mas enforco-me de bom grado à tua frente, em troca da atenção enquanto sufoco
É tudo cliché, eu sei, mas desde que me partiste e partiste, perdi o norte
Passaram meses e ainda não tirei a tua escova do copo

Não posso nem quero mais fazer perguntas
Tão pouco me interessa quem tem a culpa
Se esta luta for o nosso então será o meu fim
Eu só quero tudo e tudo é tudo quanto peço
Sim, sou burro e sem nexo, fiz do simples complexo
Mas perdoa-me, porque eu não vi. (Outra vez)

Não percebi que se avizinhava o limite. (Outra vez)
E não é desculpa, eu sei, porque eu não devia ter esperado por isso. (Outra vez)
Ainda assim, nao desisto. Não posso crer que é tarde para querer ser e fazer-te feliz
Em último recurso, serei, tu sendo, mesmo que longe de mim

Encontra-me abaixo do teu nariz. Para ti tenho nada que não tempo
Sem onde estar ou saber como ir. Lamento o que fiz e não fiz
Eu vou andar por aqui. Paciente à mercê do teu vento
Então se um dia pensares diferente, simplesmente, diz