Oddish
Abalo Instável (Eis a Porra do Disco)
Eu sou uma bomba relógio
Um abalo instável sufocado no meu próprio ódio
O medo que a vida me faça ser tudo que eu abomino
Me sinto vagando e levando nas mãos uma granada sem pino
O sonho da música... Lapidação, calma e pressa
Eu não quero ser aquela boa, velha e eterna promessa
Pois tudo que dizem é “uou, cê manda bem a beça!”
Mas tudo que vejo é a porra vida pregando peças
Desde o início... Sempre visto de modo torto
Eu era um navio, o rap o cais, não era bem-vindo no porto
Pela cor da pele, como me visto, quase não fui aceito
E o mais engraçado é ver que esses caras falam de preconceito
Falta de apoio... Tu sabe o quanto essa porra machuca?
Talvez pra minha mãe esse lance de rap fosse outra ideia maluca
Mas eu vi plateias gritando meu nome em Recife e Belo Horizonte
Vi portas abrindo, e o meu talento foi o que usei como ponte (Que nunca esgote-se a fonte)
Meus ídolos sabem meu nome, fui à Pernambuco e à Minas
Sete anos de rap e na minha família ninguém nunca ouviu minhas rimas
Mas eis a porra do meu disco, eis o motivo de tudo
Ei pai, eu sou o Oddish, eu tô indo ganhar o mundo
Refrão:
E quando luz não mais houver
E quando força te faltar
Cê tem que se lembrar quem é
(Eu não morro sem o mundo me ouvir)
Caçando meu equilíbrio...
Achando que talvez um pouco de grana compre meu alívio
Só que quanto custa meu pai do meu lado e um pouco de convívio?
O rancor de alguém muitas vezes é o preço pra ter o seu livre arbítrio
E o meu vira música... Cada tensão, pressão ou crise
É o que me faz grato por ter essa coleção de cicatrizes
É o tipo de coisa que faz tu pensar sobre como as rimas aparecem
Eu peço às palavras que dêem as mãos e elas simplesmente me obedecem
Chuva de dúvidas... Molham tua pista de decolagem
E o medo da queda te tira do jogo sem chance de repescagem
Então apostei no meu sonho, um sonho de quase dez anos
De ver diferentes sotaques dizendo “porra, foda o baiano!”
Meu vô me dizia: “Divirta-se, que o mundo é seu parque!”
“Se quer, viva da sua bagunça e descanse em salas de embarque!”
Talvez aqui nasça uma lenda, talvez, meu último tiro
Talvez a primeira dança com a vida onde eu conduza o giro (Tranquilo, agora eu me viro)
Que os dias cinzentos não voltem... Que as lágrimas sejam de riso
Que as minhas metáforas sempre me escoltem em cada palco que eu piso
Que a vida me traga motivos... Motivos são tudo que eu peço
E que nunca deixem que caiam no chão as metáforas que eu arremesso
Refrão:
E quando luz não mais houver
E quando força te faltar
Cê tem que se lembrar quem é
(Eu não morro sem o mundo me ouvir)