Funkero
Capitães de Areia
[Intro: Funkero]
Ô, dá licença preu chegar
Ô, dá licença preu chegar
Tamborzão com embolada
Cumpadi, é ruim de aturar
Vamo misturar
Demorou de ver no que vai dar
Vamo viajar
Tô preparado pra decolar

[Verso 1: Funkero]
Funkero, correndo igual papa-léguas feito louco
Faroeste Caboclo, contando meus troco
Pelas ruas de chão vem chegando mó bondão
Tipo baile defumado, arrasta-pé no capitão
Virgulino Ferreira, pega e sai da reta
Que a rima aqui é certeira
Levanta poeira, levanta poeira
Quando a tabaca toca não adianta gritar
Nem correr pra benzedeira
Louco de capoeira, martelo cruzado
Objeto voador não identificado
Eu sobrevoo a Manguetown, atividade no farol
Brasil, Deus e o Diabo na terra do sol
Sol, sol, sol
[Ponte: Funkero]
Bate dentro do meu peito a porrada da zabumba
Me levando pra Palmares igual Zumbi e Ganga Zumba
E os moleques nas esquinas, na noite de lua cheia
Dançam ciranda com a morte, eternos capitães de areia

[Refrão: Filipe Ret e Funkero]
No toque da embolada, no toque do tambor
Vem no toque da embolada, vem no toque do tambor
Batuque de caboclo, raiz de lutador
Latino americano, brasileiro sim, senhor
No toque da embolada, no toque do tambor
Vem no toque da embolada, vem no toque do tambor
Batuque de caboclo, raiz de lutador
Latino americano, brasileiro sim, senhor

[Verso 2: Ber MC]
Cangaceiro e sua peixeira, de rolé pelo sertão
A Maria Macaxeira, o bando de lampião
Lamparina com repente, vira rima de repente
A cultura carioca nordestina delinquente
Suassuna, Jorge Amado, nordestino sim senhor
Vô de bode até o Rio ver o mar e meu amor
De jangada com minha nega vou no xote e no xaxado
Danço frevo e termino no baile funk lotado
Desce com o tamborzão com a sanfona de Gonzaga
Pode acender a baga manga rosa que me acalma
O soltinho vem do pé, arrasta-pé com o Tom Zé
Encoxando as mulher, manguetown tô em pé
Muita fé, com cochicho, gosta muito de macô
Qualquer dia tamo aí, Maranhão e Salvador
Ceará vem pro Rio, pra sambar, seu doutor
Deixa passar minha quadrilha, liberdade e amor
[Trecho de "A Cidade", de Chico Science & Nação Zumbi]

[Verso 3: Shadow]
Na ponta da faca, no toque da alfaia
Na praia de Copa, na moça de saia
Do funk do Catra até o Maracatu
Fui no mangue catar lixo conversar com urubu
Eu tô na linha de frente, largo aço e repente
Represento minha gente, igual lampião no cangaço
Ela queima lentamente, favela escaldante
No céu na estrela cadente, só palavra sente
Eu vou rezar pra Padre Cícero proteger minha semente
Pra que plante a minha voz até que os falange arrebente
Consciente, pesada a linha fura o papel
Sem partitura, pura literatura de cordel
Uso o pincel de tinta escura
Vermelha como a terra dura
Do sertão sem chuva
Poeira sobe sufocante, pra quem não atura
Nossa cultura é forte, vento, pinga pura, pura

[Ponte: Funkero]

[Refrão: Filipe Ret e Funkero]

"Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus"